COLETIVO 333: O carimbo do norte e nordeste em “Poetas no Esgoto 3”

Atualizado: 05 de Fevereiro

por Rhyvia Araújo

Somando potencialidade e estilos, o COLETIVO 333, abre o ano de 2021, com o propósito de quebrar estigmas e difundir um arsenal estonteante e consistente de versos, fornecendo novas conexões e horizontes entre as sonoridades do Norte, Nordeste e Sudeste do País, consolidadas pelas sonantes participações dos prolíficos artistas RAPADURA, DOIST, VICTOR XAMÃ E RAFA MILITÃO, no expoente audiovisual “POETAS NO ESGOTO 3”.

“Nossas expectativas sempre foram as melhores possíveis, acreditamos no potencial individual de cada um que está fazendo parte disso… Imagina todo mundo junto? Foi um plano traçado que felizmente pôde se concretizar, acredito que a partir desta edição todo o país irá parar pra assistir, é algo totalmente diferente e inédito, nunca antes tantas potências do Norte se uniram em algo assim, também queríamos alguém fora do nosso Norte/Nordeste para simbolizar nossa união com o eixo, em resumo, estamos abertos em todas possibilidades, só basta oportunidades e aceitação, se não foi por bem, vai ser por “mal”, no sentido de que se não nos deram espaço, com certeza iremos conquista-lo, merecemos lugares de destaque, tanto quanto qualquer outro estado!”, verbaliza o Coletivo.

E é nessa miríade de musicalidade, entre regiões fora do eixo cultural de hip-hop (SP), que um dos projetos mais relevantes do ano chama atenção. O empenho do Coletivo 333, em preparar um terreno abundante e fértil na sua caminhada, percorre pelo formato de “Poetas no Esgoto 3”, através do acuro de luta e resistência em (acrescentar) e alimentar a cena através de um conteúdo que passa longe de futilidades, afinal, o rap não deixou de ser uma cultura em que os artistas tem que manter o devido compromisso com suas letras. Devidamente compromissados, o Coletivo 333, assim como Baco e Chinaski em Sulícidio (que contribuiu e fortaleceu grandiosamente a cena de Nordeste), “POETAS NO ESGOTO 3”, é o resultado de um universo rítmico que tem muito a se expandir.

“A meta do Coletivo é se estruturar permanentemente no RAP, não só de forma regional, mas como brasileira. Acreditamos que cada um dos integrantes tem um extenso potencial, porém mais que isso, queremos quebrar a estigma de que o Norte do país não é uma árvore frutífera, pensamento popular entre as áreas mais audíveis do país. E foi muito bom poder trazer nossos amigos Rapadura e DoisT para o projeto, sem contar o apoio dos nossos conterrâneos Victor Xamã e Rafa Militão, desde a primeira edição o projeto já foi um divisor, foi feito realmente pra ser um dedo na ferida e mostrar o quanto o Norte pode ser frutífero, de certa forma bem mais que o Eixo. Nesta edição, percebemos que já estava na hora de abrir horizontes e receber convidados no projeto, fazendo assim uma união maior entre Norte, Nordeste e Sudeste”, explica o Coletivo.

Disseminando cultura e sinestesia, o Coletivo 333, formado pelos MCs: Benevides, Dacota, Haru, Koren e W MC, além dos DJs: DJ Zé e DJ Flex e beatmakers LndroBeats, Altran & RVL$, em união com a coesão sonora da lenda viva e mestre Rapadura, Victor Xamã, DoisT e Rafa Militão, retrata uma força ideológica, que credencia um registro intenso, pesado e vibrante.

O “divisor de águas”, ou o grito do Norte e Nordeste, também é um alerta pulsante das temáticas que ainda estão em evidência. No ano pandêmico de 2020 (e que se estende até o atual momento), e entre a particular e complexa truculência daqueles que deveriam nos proteger, é verbalizado em POETAS NO ESGOTO 3, que segundo o coletivo, pretende fazer com que o ouvinte reflita sobre os atuais acontecimentos, lutas e necessidades enfrentadas tanto no passado, quanto no presente. A tensão social, como o racismo, violência contra a mulher e demais problemas constantes, que percorre não só o Amazonas, mas como o Brasil inteiro, também são salientados nesta produção.

“POETAS NO ESGOTO 3 O GRITO NORTE/NORDESTE tem como promessa ser o grande divisor de águas e firmar a cena nortista na cena nacional. Contando um pouco sobre a realidade em meio a pandemia, a violência da polícia em nossas periferias, abordando assuntos como Violência a Mulher, Racismo, Milícia, e a marginalização do Pobre Favelado, vem também para falar sobre o NORTE & NORDESTE, mostrando pontos estratégicos da nossa Manaus, retratando 3 realidades em 3 Beats diferentes”, evidencia o grupo.

O culminante resultado desta combinação, é genialmente denunciada pelo leque de sonoridades do Trap, em parceria com a agressividade do Drill e o clássico Boombap, mixado e masterizado por Viktor Judah. Com produção de RVL$ e presença de “O Haru”, o primeiro beat já revela a sua pegada introdutória, trazendo um “ar de vivência”, contendo as participações de Victor Xamã e a estreia como MC da DJ Rafa Militão, colocando em pauta a representatividade e a realidade de uma mulher negra, “mostrando que tem que ter mulher no rap”.

Com tons e aspectos agressivos e diferenciados, o peso dessa dinâmica e ambientações imprevisíveis, dá abertura ao beat de drill produzido pelos beatmakers ALTRAN & RVL$. O segundo beat conta com a participação nacional do rapper carioca DoisT, e os Mc’s da casa Koren e DaCota. As escolhas de efeitos sonoros, para compor a concepção estética do terceiro beat, com natureza e arranjos manauaras, conta com a produção do veterano do Coletivo 333, Leandro Beats, o nordestino SATIVO e o grande Rapadura. O peso dessa terceira produção, se colidem com os sentimentos do MC W, Benevides e Rapadura.

Na produção, passamos a ideia de crescimento e diversidade do RAP AM, em três beats: um TRAP pesado como de costume no projeto PNE, um DRILL trazendo o que tem de novo e em expansão no mundo e um clássico BOOM BAP. Queríamos uma pegada mais freestyle, um boom bap clássico que repasse a vontade de ficar ouvindo e que fosse identificável com aquilo que foi feito no Norte, então usamos o sample mais regional possível, mostrando que aqui também existem tesouros a serem garimpados. A cultura no Amazonas é muito diversa e o RAP vem crescendo bastante por aqui, estamos trabalhando para que essa elevação continue e atinja outras partes da região, os olhos estarão voltados para cá e poderão ver o quanto o NORTE tem a mostrar”, frisa o coletivo.

A alternativa por planos e cenários no audiovisual, também blindam história, criatividade e protagonismo evidenciado. Com a collab de dois selos manauaras Trevo Records e a Quarto Produções, direção de imagem e fotografia por Vitória Lopes, edição por Thiago Cunha, captação de imagens por Ruan Fogo, e roteiro por DaCota, os artistas resgataram locais que certamente fazem parte das vidas de boa parte dos amazonenses.

“Nós filmamos em três lugares distintos, o primeiro deles foi nas Ruínas de Paricatuba, localizada a 30km de Manaus, às margens do rio Negro, no município de Iranduba, resistente até hoje desde o tempo da Belle Époque. O segundo lugar foi no popularmente conhecido como Beco da Bomba, rua do bairro do Educandos, próximo ao Centro de Manaus que em 2018 sofreu por causas desconhecidas o 2º maior incêndio da história da cidade, deixando mais de 600 famílias afetadas pela tragédia. E em terceiro e último cenário, escolhemos o Museu da Amazônia, criado em Janeiro de 2009 o Musa é um museu vivo localizado na Reserva Florestal Adolpho Ducke, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, em Manaus. A Reserva Florestal Adolpho Ducke é uma das poucas florestas primárias em área urbana do mundo… E cá entre nós, que vista incrível. Todos esses locais foram escolhidos a dedo por serem históricos e simbólicos”, explicam.

O início de “P.N.E”:

Os efeitos da formação desse projeto, iniciou no dia 1 de Abril de 2017, contando com a presença de 9 MC’s: Koren, Hugo, DoCarmo, Benevides, Magro, Eri-Q, Haru, DaCota & Nescall, com produção musical de Nescall, que assina o último beat da Track, o mestre dos Graves “DJ TREME” e o atual DJ 333, F.L.E.X BEATS. A música mostra o underground da cidade, trazendo mais que rimas nas letras, carregando sentimento em cada linha e esperança nós versos, fazendo jus ao momento e mostrando ao resto do país as vivências e as realidades do Norte.

“O projeto de Rap com o maior número de streams do Norte Do País, acumulando mais de 1 milhão de visualizações em todas as plataformas digitais, teve um início simples e sonhador, tendo como idealizadores um coletivo de Hip-Hop, formado por 4 grupos de Rap, Shadowclan, Expresso Submundo, Arcanos & TDM Rap, formando assim o COLETIVO 333, grupo periférico com o sonho do primeiro VÍDEO CLIP. Foi assim que no dia 1º de Abril de 2017, a track intitulada de “Poetas no Esgoto” foi ao ar, trazendo esperança para a cena local e sendo um grito de existência do Rap nortista, satirizando um projeto já existe na cena nacional, com uma referência em que na nossa região os artistas ainda sã

o submetidos a trabalhar no “underground” com pouquíssimos recursos” relembra o grupo.

Em meio a óleos nos rios amazônicos e entre queimadas em matas da Amazônia, a Parte 2 do projeto “P.N.E” foi ao ar. Com o intuito de protestar contra todo o massacre ao pullmão do mundo, e mostrando para o resto do país “que o Rap Underground NÃO MORREU, e que o Rap de Mensagem existe, tem seu espaço e nunca vai morrer”, a track também contou como novidade a entrada do último integrante do COLETIVO 333, “W MC” (Rapper Bicampeão Regional e representante do Norte no Duelo de Mc’s NACIONAL) carregando a versatilidade do Repente nós versos.

A produção dos beats de P.NE. 2, contou com os Lendários: ALTRAN & RVL$ e os Mc’s que compõe a track são: Nescall/W/ Koren/ Haru/ Huggo & DaCota MC e tem como Direção de Fotografia “Vitória Lopes”, clip produzir Wesley Simplício (Wise) e hoje conta com mais de 130MIL VISUALIZAÇÕES no YouTube. O projeto teve como Capitação de Áudio, Mix/Master a produção do maestro Victor Judah.

SOBRE O COLETIVO 333:

A 333 é um coletivo ativo desde o início de 2017, originalmente projetado na área Centro-Sul da capital do Amazonas, inicialmente idealizado por um grupo de amigos que possuíam o interesse em comum com a música, mais precisamente o RAP. Tendo sede em uma comunidade do Centro manauara chamada popularmente de Marreca City (lugar onde os integrantes se conheceram) a proposta era unificar os interesses e melhorar a estrutura artística dos integrantes. Hoje contam com uma estrutura com profissionais de audiovisual, beatmakers, produtores de conteúdo e entre outros.

“Visando também muito mais que o RAP em si, a proposta é produzir música de qualidade, programável para todo tipo de mídia influenciadora, tais como TV, Rádio, Jornal etc. Para este próximo ano de 2021 já está no cronograma mais de 30 videoclipes, material exclusivo em nosso canal no YouTube e diversas músicas colaborativas e solos dos nossos integrantes. Nosso lema se resume basicamente em muito trabalho e dedicação pela música e o RAP Nortista”, finalizam.

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