por Gustavo Silva
Uma década após sua primeira gravação, FELIBRIZA, rapper de Poços de Caldas (MG), vem apresentando um 2020 completo artisticamente, onde além de 1 som por mês, programou o lançamento do álbum “Sem Sentido” para dezembro deste ano.
“O tempo passa e boa parte ainda pensa que rap é só falar de crime, morte e desavença”. Em 2017 o rapper da zona sul da cidade de Poços de Caldas, lançava essa letra na “Big Bagn Cypher“, uma cypher composta exclusivamente por mc’s do sul de Minas Gerais, mostrando que uma mensagem forte sobre união e valorização de uma nova era na cena estava pra chegar.
Três anos depois, no ano em que completa uma década da sua primeira gravação e após vários singles na rua, o rapper prepara a cena para receber o seu primeiro álbum de estúdio, o “Sem Sentido“.
“Um trabalho com alta diversidade de identidades temáticas, sonoras e visuais, passando por hora, por sem sentido“
O álbum vem sendo gravado no estúdio Relaxa Manin também em Poços de Caldas com direção musical e pós produção do Formiga, que também assina vários beats do projeto. O gerenciamento do “Sem Sentido” vem sendo feito pela Straditerra, sob produção executiva do Rômulo Spuri.
No lançamento mais recente “Rascunho de Risco”, a quarta faixa liberada do projeto, FELIBRIZA, em uma colaboração com Tony Martins, mostra o que paciência e uma trajetória de mais de dez anos de rap construíram. Com uma caneta contundente, uma voz marcante e um flow com muita identidade, o rapper de 29 anos traz uma faixa sobre progresso e valorização de um trabalho duro, que envolve a superação de riscos e a aceitação de erros.
No beat do Formiga e acompanhado por um clipe produzido pela Straditerra com Gustavo Abud, Rômulo Spuri e Gustavo Henrique na equipe, o som lançado em 30 de abril traz características e discussões que completam o contexto do álbum.
A busca por uma cena unida que valorize novos talentos, que dê espaço para o crescimento da cultura como um todo, não é novidade nas letras de FELIBRIZA, mas recebem agora a roupagem de uma evolução técnica alcançada através de anos de correria, treino e trabalho, condensados nesse primeiro álbum.
FELIBRIZA, que aos 12 anos de idade visualizou seu primeiro envolvimento com o rap, diz que começou a desenvolver sua arte a partir do conselho de um amigo de infância:
“Escreve uma frase. A última palavra dessa frase tem que rimar com a última palavra da linha de baixo”.
E assim ele fez, até completar 16 anos e montar o Grupo Kamikaze, onde treinou a escrita de suas letras e criou diversas músicas. Mas a primeira gravação oficial só aconteceu mesmo no ano de 2010.
A trajetória do rapper é contada e influenciada juntamente com participações em projetos de rap, como base firme que fez no grupo Mente Letal, uma das raízes da cena local. Já em 2012, com a ajuda de mais três integrantes, Felibriza criou o Grupo Essência que hoje atua como um coletivo responsável por desempenhar movimentos muito importantes para a união e a valorização da nova era da cena do rap regional.
Uma dessas iniciativas é o RAPFLIX, um canal que busca unir e divulgar mc’s da região através de produções dividas em séries,como as séries feat., double e breakinzódio.
Valorizando vitórias e escritores de uma nova história, FELIBRIZA chega a 2020 com um repertório carregado de versos fortes, e o posicionamento e destaque cada vez mais avante na cena do rap nacional.
Em entrevistas, FELIBRIZA afirma que a crença em si mesmo e a organização do corre são grandes forças da nova geração de rappers que está aparecendo, não só no sul de Minas Gerais, mas em todo o cenário nacional. Ele diz acreditar em uma cena mais unida, e age como ponte por cima dos muros para que essa união seja concreta na parte que lhe cabe.
Enquanto aguardamos para a ouvir a obra “Sem Sentido” completa em dezembro, seguimos degustando mensalmente de partes desse sentido do Sem Sentido, ou nada terá sentido? rs
A certeza é que os anos de correria deste artista vão trazer um resultado diferenciado e necessário para o rap nacional.
“Entre a ganância e a paciência Enxerguei um propósito Quando o intuito for união Perdeu a graça chegar ao pódio”.
Fotografia: Rômulo Spuri