Pique Peaky Blinders

Por, Gustavo Silva

A dupla Black Alien e Papatinho se reuniu de novo para mais um lançamento. Depois de soltarem o último single juntos, “Chuck Berry”, em dezembro de 2020, os artistas deram uma pausa nos lançamentos em conjunto durante 2021. Agora, a dupla está de volta com “Pique Peaky Blinders”, o primeiro single do novo álbum do Gus, que possivelmente vai contar novamente com Papato assinando todas as produções.

Em 2019 a dupla lançou o aclamado disco “Abaixo de Zero: Hello Hell”, que segue até hoje batendo muito bem nos fones dos fãs do Mr. Niterói, que encontrou nas produções de Papatinho uma base forte para trazer o melhor das suas letras em muito tempo. 

Consagrada, a dupla claramente não iria parar por ali, e como podemos ver, os planos envolvem um novo álbum que pode contar com essa formação novamente. Essa notícia é claramente positiva, sendo dois artistas que lançaram juntos um dos melhores trabalhos do Rap nacional dos últimos anos. 

No entanto, passada a empolgação de ver Gus e Papato juntos novamente, a impressão geral que o novo single deixa é a de repetição de uma fórmula de sucesso. Não necessariamente isso é ruim, pois, como dito antes, a fórmula desenvolvida pela dupla está bem acima do nível de muitos trabalhos que temos ouvido no Rap nacional. Mas em um segundo momento, essa criação formulaica pode aparecer como um comodismo dos artistas, que não estão buscando o algo além que essa parceria pode trazer para ambos.

Importante destacar que estamos falando de apenas uma faixa. O (possível) novo álbum da dupla pode sim extrapolar todas as capacidades artísticas de Gus e Papato, mas não é o que o single indica.

Apesar de tudo isso, “Pique Peaky Blinders” tem sim pontos fortes. Um deles está na lírica de Gus, que traz neste single alguns bons esquemas de rima e uma caneta muito afiada nos versos, mas que derrapa no momento dos refrões que ocupam grande parte da música, além de apelar para tudo o que já conhecemos de Black Alien, evocando seu tradicional flerte com os versos em inglês e com o Ragga.

Na produção talvez encontramos o maior comodismo do single, com Papato levando Gus novamente para um loop de piano que ouvimos muito em “Hello Hell”. Mas o que impede a faixa de se destacar mesmo é a falta de variação na produção, que perde grandes oportunidades de trazer viradas no beat, que parecem frequentemente que vão acontecer mas nunca chegam, e fariam toda a diferença no desenvolvimento da música, permitindo escapar do comportamento formulaico que foi apresentado.

Talvez o trunfo maior deste lançamento tenha sido na verdade o clipe. Com direção de Premier King, que também assinou o roteiro junto com Gus, o audiovisual muito bem trabalhado dá vida e narrativa aos versos agressivos e violentos, com Black Alien e Papatinho performando como uma dupla de assassinos sanguinários ao melhor estilo Tarantino.

A expectativa que “Hello Hell” deixou em todos os fãs de Gus é alta, porque o trabalho desenvolvido junto com Papatinho foi além do nível que estamos acostumados no Rap nacional. No entanto, a repetição dessa fórmula, apesar de ainda ser um bom trabalho, pode não trazer a mesma aceitação por parte do público, que ficaria sim satisfeito com o que tem sido apresentado pela dupla, mas que anseia por algo a mais, que os artistas já mostraram serem capazes de entregar.

Quando me enterraram, deram terra pra semente, irmão
Híbrido, raro, quebro o que quer que acimente o chão
Cada um faz o que tem que fazer e adivinha só
Não faz o que tem que fazer, também desses não tenho dó
Visto máscaras do Jason, não consigo mais tirar
Frito inimigos que nem bacon, me diz quem vai me tirar
Se devolvo na mesma moeda
Gosto de brincar com a comida, prolongando a queda
A vida é bela, poxa
Olha pra cara desses trouxa
Nem escuto, ela tapa meus ouvidos com seu par de coxas
Do camarote sem Brahma, o mundo dá volta, eu tô vendo
Acham que passou batido, a vida passa batendo
E só respiram porque eu deixo
Filhos da puta são filhos de alguém
Quando eu respiro, é um boxe no seu queixo
Satisfação quebrar, mas eu não fecho
Não vivo de satisfação, sou “I can’t get no satisfaction”Silent assassin, quiet moneymaker
Tu sabe que é assim, se é na Colômbia ou na Jamaica
Tomo meu café, na fé que sempre me conduz
Todo mundo ama o Chris, todo mundo odeia o Gus
Silent assassin, quiet moneymaker
Tu sabe que é assim, se é na Colômbia ou na Jamaica
Tomo meu café, na fé que sempre me conduz
Todo mundo odeia o Chris, todo mundo ama o GusAumenta o som que aqui é Black Alien
Aumenta o som porque guerra é war
Aumenta o som que aqui é Black Alien
Paz na Terra porque guerra é uó
Mas se me der guerra eu quero mais
Mas se me der guerra eu quero maisO paraíso e o inferno, sim, são estados portáteis
Visto um belo terno pra isso, sinto saudades saudáveis
Bolo formas de tê-los no forno, formas formidáveis
Picados no picador de gelo, pique Peaky Blinders
Cretinos na cidade, eu passo com calma, já passei da idade
Sua alma no microondas da comunidade
Só dor, direto pro criador
Não se cria com aquele que sabe fazer perguntas de verdade
Á meia-noite, eu tô nos mix-mix-mix
Eles no açoite, entregues ao six-six-six
Eu no sex-sex-sex, em tela grande nos pixels
Eu taco fogo no set, cuspo versos que nem mísseis
Pois a vingança é um prato que a gente come frio
Alto verão, devoro ratos que nem sorvetes no rio
Amordaçados na mala do Kadet, a vida por um fio
Olha bem pra mim e vê que eu só sorrioSilent assassin, quiet moneymaker
Tu sabe que é assim, se é na Colômbia ou na Jamaica
Tomo meu café, na fé que sempre me conduz
Todo mundo ama o Chris, todo mundo odeia o Gus
Silent assassin, quiet moneymaker
Tu sabe que é assim, se é na Colômbia ou na Jamaica
Tomo meu café, na fé que sempre me conduz
Todo mundo odeia o Chris, todo mundo ama o GusAumenta o som que aqui é Black Alien
Aumenta o som porque guerra é war
Aumenta o som que aqui é Black Alien
Paz na Terra porque guerra é uó
Mas se me der guerra eu quero mais
Mas se me der guerra eu quero mais

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