A eloquente “Visão Triangular” e a brisa do cenário de fim de mundo do rapper Tbong

Atualizado: 23 de Out de 2020

por Rhyvia Araújo

O contexto que o mundo se enquadrou no ano de 2020, em meio à onda da Pandemia de Covid-19, trouxe à tona impactos cruéis e agressivos, que retrocederam o cotidiano da população mundial. Acuados pela letalidade de um vírus, se manter em atividade, dentro dos limites, foi a saída, no qual muitos artistas encontraram para fugir da aflição da quarentena.

A dura realidade do isolamento social, fez surgir trabalhos grandiosos, entre eles, a origem do EP “Visão Triangular”, do rapper Tbong, que mesmo diante desse período incerto, externou sua poesia e criatividade, influindo ”A Calmaria” para enfrentar os desafios, armas que contribuem com a resistência do cenário independente.

“Acho que o certo é falar que o álbum, é fruto da pandemia, porque logo que aconteceu toda essa loucura, eu entrei numa vibe, de que tudo já era meio que cenário de fim de mundo. Eu fiquei muito frustrado por não ter realizado o sonho do meu projeto solo, então eu me propus a fazer o mesmo, independente da circunstância. Eu queria realizar isso de qualquer maneira, e desde que comecei a criar, voltei a me sentir bem e ter esperança no mundo”, afirmou Tbong.

O resultado das fases do Tbong

Tómas de Oliveira, natural de Poços-Caldense (MG), conta que iniciou sua carreira em 2013, e afirma que o EP “Visão Triangular – A Calmaria”, é o resultado de anos de estudo, e o encontro com a esperada conquista de um novo estilo de som.

“Sempre quis fazer meu trampo solo, mas nunca achava que estava bom o suficiente. A vida musical sempre foi meu sonho, mas só depois de muita dedicação e estudo, a confiança para me lançar veio. E o maior aprendizado, foi ter um encontro comigo mesmo, fazendo esse EP, me descobri como artista e qual é o estilo de som que me encaixo melhor, e sinto que flui uma vibe sincera. Descobri também, que viver de arte, é uma parada única e complexa”, analisa o rapper.

Tbong, que não desperdiça nenhuma linha, teve a “brisa” de criar o álbum “Visão Triangular”, dividido em três “temporadas”: “A Calmaria”, “A tempestade” e “A Bonança”, que estão reunindo o mesmo universo de estética.

A primeira temporada, lançada no início do mês de outubro (09/10), é composta por quatro faixas:

1. Intro “A Calmaria” (prod. Tomás Tbong),

2. “Andrógino e as Almas Gêmeas” (prod. Tomás Tbong),

3. “Sinfonia do Abraço” (prod. Marcelo Emzy)

4. “Sol Elétrico Amarelo” (prod. Tomás Tbong).

“A ideia de criar um álbum com a ideia das temporadas, veio apenas depois, minha ideia inicial era conseguir fazer um som que me agradasse como MC, porque sempre focava em fazer os beats. E a parada do álbum ter um formato de “serie”, dividido em temporadas, foi para criar uma expectativa, igual quando acaba uma temporada de uma serie que a gente gosta, e tem que ficar esperando a próxima temporada sair. Queria fazer isso com os meus EPs, cada um trazendo assuntos e ambiências diferentes, mas com a mesma estética de som”, explica Tómas.

A sonoridade do EP “Visão Triangular”

Produzindo uma arte limpa e intelectual, Tbong expõe um EP natural e harmônico, formando uma manifestação de sensações e vibrações positivas. O desenvolvimento das faixas, reúnem uma intensidade a serem desembaraçadas, e isso ocorre através da estrutura bem sonorizada do EP.

Os elementos produzidos na introdução do EP, são recortes de áudios de pessoas próximas a Tbong, que estão no seu dia a dia. As vozes de seus familiares e amigos, compõe uma homenagem, e um pouco do seu cotidiano, para os ouvintes se identificarem.

A segunda faixa, “Andrógino e as Almas Gêmeas”, foi retirada do livro “O Banquete”, de Platão, onde Sócrates e seus discípulos, conversam sobre a virtude do amor e as almas. Durante o decorrer dos minutos, a música retrata o encontro das almas que não tem explicação. A música conta com a participação de Bruno Moska (Sem Neuroz) e Alice Vaz.

Recordações marcantes que ocorreram em um “passado alterado”, fazem parte da luta tramada, que as pessoas sentem no decorrer da sua vida, e desta forma, se encontram no vazio. A intensidade de “Sinfonia do Abraço”, marca o confronto das memorias e do silêncio quando um abraço ocorre, e como este momento pode ser uma sinfonia. A terceira faixa, conta com participações de Marcelo Emzy, no refrão e no beat, e de seu irmão mais novo, Yanko.

A necessidade de se manter vivo, compõe a quarta faixa, “Sol Elétrico Amarelo”, que faz parte de uma assinatura galáctica usada pelos Maias, sendo o título da música. Tbong, ilustra a faixa desta maneira, pois teve um novo despertar para a vida.

O referencial de “Visão Triangular”, perpetua através da sua vivencia e “reflexões pandêmicas”, e de músicos como Victor Xamã, BK, Froid, Sant, Zeca Baleiro, Milton Nascimento e Djavan. As doses de reflexão e sonoridade do EP completo, demonstra o conceito artístico, que Tbong queria passar aos seus ouvintes.

“A minha intenção com o EP, é fazer as pessoas que não tem o costume de ouvir RAP/Trap, prestar atenção. Quis trazer uma sonoridade mais orgânica e uma vibe boa, para o meu primeiro solo, e também, toda singularidade faz parte dos sons que eu ouço no meu dia a dia, sons puxados para o Soul, Lo-fi e Trap, queria misturar isso tudo”, retrata o artista.

Os beats que transcendem o imaginário, foram assinados e produzidos por Tbong e Marcelo Emzy. A arte visual do EP, feita por Juliana Lima, representa a calmaria longe da cidade grande, como a fazenda e o telefone para representar as falas das pessoas, “como se tivesse com elas”.

Visão Triangular – A Calmaria”, se encontra disponível todas as principais plataformas digitais, (Spotify, Deezer, Amazon Prime e Youtube através da gravadora Eveente)

Sobre Tbong:

Tomas de Oliveira Billwiller , conhecido na cena do rap Poços Caldense como Tbong, começou sua trajetória na música, fazendo parte primeiramente do movimento eletrônico (Trance) como Produtor e Dj.

Ouvinte e amante da cena do Hip-Hop nacional, com o passar do tempo, foi se identificando e tendo mais contato com amigos, que também estavam nesta caminhada. Em 2017, estreou como Beatmaker do grupo Sem Neuroz, formado por Bruno Moska e Gian (g9). Foi produtor do álbum 100 neuroz’s, que deu ao artista visibilidade e oportunidade de conhecer mais artistas locais, fechando importantes parcerias, como o grupo overXII, BR Zero40, O plano B Rec, e mc’s como Schultz, Marcelo EMZY e JoãoMC.

Fotografias por Pedro Franco

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