Strads https://strads.com.br Lado a Lado com a Artista Independente Tue, 20 Feb 2024 23:31:03 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.2 https://strads.com.br/wp-content/uploads/2021/10/cropped-icone-32x32.png Strads https://strads.com.br 32 32 Andarilha do Tempo: ANABYA fala sobre questões do passado e do presente que vão definir o nosso futuro, em seu novo lançamento https://strads.com.br/2024/02/20/anabya-lanca-andarilha-do-tempo/ https://strads.com.br/2024/02/20/anabya-lanca-andarilha-do-tempo/#respond Tue, 20 Feb 2024 23:27:58 +0000 https://strads.com.br/?p=5082 Em sua primeira mixtape, ANABYA combina sua identidade e história, com sua versatilidade artística em um grande projeto.

por Gustavo Silva

Com uma trajetória na música, que já conta com o lançamento de ótimos singles e EPs de sua autoria, que já apresentaram algumas de suas características mais fortes para o público ao longo desses anos de caminhada, a artista ANABYA chega agora com a sua primeira mixtape “Andarilha do Tempo”.

Apresentando um trabalho consideravelmente maior do que os outros projetos já lançados pela artista, o lançamento dessa mixtape de 17 faixas traz um significado importante para ANABYA e para o seu momento na carreira, escolhendo esse formato de lançamento que aposta em um grande número de faixas que exploram diferentes vertentes e potências da sua arte nesse grande projeto.

“Persisti na criação desse projeto por uma necessidade de fortalecimento, porque como artista realizar uma obra é como se transformar, transmutar e resistir, sabendo que nosso corre muitas vezes não dá espaço pra criações livres e espontâneas, eu sabia que seria difícil realizar nesse momento, eu sabia que precisava fazer acontecer, porque eu tô contando minha história, gritando por justiça, abrindo minhas feridas, falando de afeto e pra isso tem que ter muita coragem também. Esse é o significado de caminhar pelos tempos, aprender o tempo todo com o medo e com a coragem pra que nossas verdades não sejam silenciadas. Sendo meu corpo, um corpo espiritual e coletivo, entende-se que, mesmo que eu esteja falando sobre mim, minha família, meu modo de ver o mundo, eu também tô falando de muita gente. A quantidade das faixas foi se formando durante o processo, e fui respeitando isso mesmo que o número fosse ficando grande. A princípio até estranhei, mas dentro da minha liberdade de expressão optei por construir dessa forma, porque é como senti que iria compor melhor todo esse momento de vida e carreira.” – ANABYA

Em “Andarilha do Tempo”, ANABYA traz destaque para os seus diferenciais artísticos, em especial a sua escrita, que foi apresentada nessas faixas de várias formas e com diferentes pesos. Em momentos, a artista traz uma escrita carregada de versos mais diretos, críticos e rasgados fortalecendo a sua imagem de MC. Por outras vezes, combina cantos suaves, refrões fortes e muita poesia junto à sua performance mais cantada, combinando diferentes facetas artísticas na hora de transmitir essas identidades para o papel e de lá criar as suas performances vocais.

“Eu sinto que é orgânico pra mim essas criações porque elas nascem de um lugar verdadeiro dentro de mim, que é a necessidade de pôr pra fora, de cantar daquele jeito, de expressar aquela sensação, e respeitando a ‘forma’ que saia porque durante esses momentos que tô criando, boto muita fé nas coisas que saem espontaneamente, acredito que é a alma, a criança, a essência falando. Então muitas das criações eu registrei só o canto, só o flow, ou só a escrita, e vou montando o quebra cabeça, em outros momentos vai tudo de uma vez, a levada e a melodia, enfim, nada dentro de um script, porque tamo falando de vida né? Assim como são muitos atravessamentos, sinto que preciso expressar de formas não idênticas ou similares, mas só do jeito que se é.” – ANABYA

Através da potência da sua caneta e do seu canto, essa mixtape narra temas essenciais de serem pautados, especialmente pelo meio cultural. Como andarilha do tempo, ANABYA fala sobre questões do passado e do presente, que estão impactando diretamente os dias de hoje e definindo a cada segundo o que será do nosso futuro. A artista aponta temas políticos e ancestrais com urgência, pautando sobrevivência, família, identidade, história, colonialismo, território, afetos, resistência e arte. Do amor à luta, os temas se encaixam em uma mesma busca por vida, direitos, conquistas e liberdade, explorando questões essenciais que também fazem parte da trajetória pessoal e artística de ANABYA.

“Esses temas só foram explorados porque vivi eles e me atravessaram de tal forma que precisei criar essa mixtape. O fato de ter passado a vida toda me mudando de casa e cidade com a minha família, procurando o melhor lugar pra ter o mínimo de dignidade, já é o suficiente pra entender os traumas, as dificuldades que ainda estão presentes, mas também as alegrias e de onde vem minha força. Quanto mais conto minha história mais percebo como é a história de muitus outrus e como tudo isso é parte de um plano colonial mesmo, de exterminar memória, cultura e bem viver. Mas a memória que tá nessas vivências, na oralidade de mainha, de voinha, das primas e tias, é o que venceu o etnocídio, eu viva e com coragem pra abrir meu peito artisticamente, é o que vence o pensamento colonial, e todas as vivências traumáticas. É um mix de dor e força.” – ANABYA

Esse grande projeto também contou com outras mãos, canetas e vozes para criar faixas impactantes com essa narrativa poderosa. ANABYA trouxe influências e parcerias nessa mixtape, que se encaixaram muito bem artisticamente, potencializando as temáticas apresentadas, assim como as performances artísticas de todos os envolvidos no trabalho.

“Houve uma relação de conexão e identificação em vida antes de ser uma colaboração pela colaboração, entende? Desde us artistas, produtoris até os cantoris/rappers, nos encontramos de maneira genuína, trocando nossas histórias, nossas vontades de gritar alguma coisa, ou até mesmo sussurrar, partiu de uma vivência partilhada, uma mútua admiração. E essas ‘escolhas’ foram bem orgânicas também, só acontecendo e a intuição guiando o resto. Eu sou muito grata a essa troca entre todes que fizeram parte (isso porque ainda estamos só falando da parte musical hahahaha) porque fui transformada nesses encontros e demais fortalecida.” – ANABYA

A ambientação sonora que envolve todas as faixas da mixtape é extremamente cativante, com um grande trabalho carregado de produções cheias de identidade com batidas fortes combinadas a elementos diversos ligados às raízes da artista e a diferentes gêneros musicais, repletos de referências e cantos indígenas, em faixas que vão do Trap ao Boombap, pro R&B, até uma pegada mais Pop mantendo uma forte originalidade em toda a mixtape, com sonoridades que criam um ambiente bem coeso, encaixando muito bem sonoramente todo o trabalho.

“A parceria com o Tiago [Polar] foi o que deu início a todo projeto, que inclusive achei que inicialmente seria algo só entre nós, mas como disse antes, as coisas foram acontecendo e eu sentindo e respeitando seu curso. Fui entendendo que seria algo maior e comecei a pensar nas pessoas que, de certa forma, falam minha língua nas produções. Alguns beats chegaram espontaneamente e eu sentia que era do projeto e ponto final hahahaha, outras eu fui solicitando diante daquilo que o coração pedia no momento. Foi uma construção muito gostosa, porque é uma delícia ter uma batida que contemple minha expressão, assim como é pra elus ter alguém que se envolve com suas criações tão genuinamente. Algumas faixas já existiam e não eram do projeto, mas eu entendi que se encaixava e que precisava tá ali compondo a obra.” – ANABYA

Com o lançamento do primeiro single que apresentou esse trabalho, ANABYA já trouxe um cuidado visual para a mixtape, através de um lindo clipe que explora também as suas práticas artísticas e conhecimentos enquanto atriz, agregando um novo valor e cuidado ao trabalho.

“Eu tenho muita sorte de ter próximo a mim, pessoas tão talentosas e coletivas, pessoas que pude me abrir e falar desse projeto com meu coração, e fui abraçada. Toda construção visual foi coletiva, com muita, mas muita conversa mesmo, porque manifestar visualmente tanta coisa assim é desafiador, mas apesar das dificuldades do caminho, me senti contemplada com o que realizamos. Na capa, tá ali expresso o resumo da obra, assim como os visualizers. O mini doc que vem depois da mixtape é uma proximidade com esse processo e dá uma dimensão mais íntima do projeto.” – ANABYA

A mixtape “Andarilha do Tempo” já está disponível nas principais plataformas de streaming.

“Eu queria relembrar os nomes das pessoas que se envolveram nesse trabalho, porque por trás desses nomes tem a vida de cada ume, a correria e a história, e que eu me sinto abençoada de ter tido a oportunidade de trocar e de tê-los agregando num projeto que aparenta ser ‘meu’ mas que depois disso tudo se torna nosso, e depois de lançado, mais nosso ainda. Tudo isso pra frisar que, absolutamente nada é feito individualmente, nem um nascimento, nem uma morte, nada. Precisamos o tempo todo de pessoas e isso não é vergonha, é a saída do beco que aparentemente não tem saída. Podem haver muros mas nós batemos asas e damos um jeito, e coletivamente isso é verdadeiramente possível. Awe aos ancestrais, cada um deles, awe todes andarilhus do tempo, awe à equipe Strads, awe aos ouvintes, awe à vida que se renova e resiste, awe às encantarias presentes em cada frase e batida desse projeto. é tudo nosso e o que não for nois retoma!” – ANABYA

Fotografias por:

@isakatupyryb (capa / contracapa)

@elizalvesss (analógicas / meio da matéria)

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Serra Pelada: Meionat lança sua estreia como MC em EP de Drill apresentando o potencial e originalidade da sua escrita https://strads.com.br/2023/12/07/meionatlancaserrapelada/ https://strads.com.br/2023/12/07/meionatlancaserrapelada/#respond Thu, 07 Dec 2023 17:50:42 +0000 https://strads.com.br/?p=5053 Diretamente de Ubatuba, Meionat marca sua estreia artística com EP que busca renovar sonoridades do Hip-Hop sem perder a sua essência.

por Gustavo Silva

Vindo de uma atuação de anos nas batalhas de rima e cultura Hip-Hop em geral, com uma trajetória forte nesse meio artístico e musical, o artista Meionat, natural de Pouso Alegre (MG) e que atualmente reside em Ubatuba (SP), chega com o seu primeiro lançamento oficial, com o EP “Serra Pelada”, vivendo um momento de estreia na sua carreira artística e de suas primeiras experiências profissionais como MC.

“Tô confiante, sentindo um momento de novos ciclos e caminhos se abrindo. Antes de fazer Rap a gente já estuda ele como ouvinte, vai entendendo as rimas, os flows. O primeiro trampo de um artista é um pouco do que ele vem acumulando musicalmente e de vivências, ao mesmo tempo que a vontade é lançar cada vez mais coisas pra ir mostrando outros lados da minha identidade também. Aprendi demais produzindo esse EP, que tá no forno há um pouco mais de um ano. A cada sessão de estúdio fui ganhando mais noção e domínio vocal, vi que muita coisa pode mudar ao longo do processo e tive a oportunidade de trabalhar com vários profissionais diferentes, presencialmente e pela internet, o que me deu mais experiência de como funcionam os bastidores.” – Meionat

Meionat tem uma relação longa com a cultura Hip-Hop, e nessa estreia com um EP de 4 faixas o artista escolheu se aprofundar em uma sonoridade mais atual, que é o Drill, conectando conhecimentos e experiências ligadas às tradições e sonoridades clássicas da cultura, com a necessidade de evolução, renovação e continuidade dentro do Hip-Hop.

“Como agentes dessa cultura é nossa responsa se preocupar com o andamento dela. Toda nova geração é o futuro, e tudo o que vem rolando no Rap, no mercado musical já é uma realidade. Temos muito pra aprender com quem veio depois de nós, assim como com quem veio antes. E já que não é possível controlar as transformações do Rap, estar atualizado sobre elas é o melhor caminho pra gerar identificação e estar junto de quem também vai cuidar do Rap no futuro. O Drill é um gênero que conheci em 2017 com meu mano ADC Gordão e que escuto muito desde os primeiros episódios do Brasil Grime Show. Eu tinha alguns drills escritos e resolvi reunir eles. A escolha do estilo pro EP foi um jeito de chamar a atenção com uma estética mais moderna mas sem perder a essência, além de eu me identificar bastante com o conceito do Drill, até no BPM acelerado que conversa com a correria do dia-a-dia.” – Meionat

A produção desse EP é um grande destaque. O trabalho entregue nas batidas do Rvni e do H2 e scratches do DJ Mancha, com todo o toque do Ramiro Mart, criaram uma ambientação muito característica do Drill, com aquela sonoridade bem agressiva que conhecemos do gênero, criando um contexto perfeito para encaixar com os versos de Meionat e do H2.

“O H2 é meu parceiro há muitos anos. Um dia ele me mostrou o beat da faixa ‘Fatos São Só Fatos’ e eu chapei tanto que intimei ele na hora pra gente fazer um som. No dia seguinte cheguei no trampo dele com a letra pronta. As outras faixas eu tinha escrito em type beat então encomendei outro Drill com o H2. No meio dessa caminhada conheci o Rvni, que já tinha produzido um outro parceiro meu. Batemos as ideias na hora e já fechei as outras duas com ele. O Ramiro chegou na mix/master fechando com chave de ouro.” – Meionat

Mesmo focando o EP em uma sonoridade que tem sido muito presente no cenário nacional ultimamente, Meionat conseguiu trazer um som bem original, principalmente pelo trabalho de escrita, com canetas que representam vivências e referências muito ligadas à nossa identidade nacional, além de narrar de maneira bem pessoal as caminhadas de cada artista até aqui. Sendo seu trabalho de estreia, foi uma bela apresentação das suas características como MC, ao lado da participação do H2 que agregou muito valor e qualidade lírica ao trabalho.

“Nesse garimpo de vida

O ouro de tolo não é nada

Serra Pelada

Formigueiro humano, Morrendo e matando

Pra subir na escada

Serra Pelada”

Meionat – Serra Pelada

“O conteúdo é uma mistura de vivência com visão de mundo mesmo, meu processo de escrita é bem natural. Ter uma visão crítica te ajuda a pegar suas vivências e extrair um conteúdo pras letras. Vivência sem visão é básico, e visão sem vivência é descolado da realidade. Além da letra, sempre viajei muito na técnica. Jogo de palavra, rima interna, trocadilho, métrica, flow etc. Faz pelo menos seis anos que eu escuto Rap todo dia com um ouvido ativo, estudando as tracks e pensando porque algumas letras e batidas me tocavam ou prendiam a atenção e outras não, e assim fui lapidando a forma de fazer Rap que funciona melhor pra mim. Já o feat é de um irmão de vida mesmo, o H2, da minha cidade natal. Um artista foda, que conheço há uma cota e que vive o Rap todo dia também. Feliz de ter ele somando nesse EP.” – Natan

O EP “Serra Pelada” já está disponível nas principais plataformas de streaming.

“Quero agradecer geral que somou e soma na minha caminhada de alguma forma, e falar que é só o começo! Tenho várias influências na música, a ideia é explorar. Com respeito e humildade a gente chega lá.” – Meionat

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APEGO: Killa Bi e Janvi apresentam single melódico que reflete sobre as nossas relações https://strads.com.br/2023/11/22/apego-killa-bi-e-janvi-apresentam-single-melodico-que-reflete-sobre-as-nossas-relacoes/ https://strads.com.br/2023/11/22/apego-killa-bi-e-janvi-apresentam-single-melodico-que-reflete-sobre-as-nossas-relacoes/#respond Wed, 22 Nov 2023 17:46:12 +0000 https://strads.com.br/?p=5046 Em sua primeira lovesong lançada, Killa Bi combina sua voz grave com os agudos de Janvi, em uma faixa repleta de poesia e reflexão sobre o apego

por Gustavo Silva

Quem acompanha a trajetória da Killa Bi, sabe o potencial e o tom da caneta da MC, que sempre descarrega versos fortes e agressivos em suas linhas, empilhando barras do Boombap ao Drill, característica essa que destacou a atuação da MC e ampliou o seu reconhecimento pelo público em geral. Mas e que tal a Killa Bi pulando em uma lovesong?

Camadas de Killa Bi

É assim que ela chega em “APEGO”, faixa lançada com participação de Janvi, que marca a estreia pública de Killa Bi nessa sonoridade mais poética e melódica, mostrando que a versatilidade e qualidade da caneta e da voz da MC, vai muito além das rimas pesadas que estamos costumados a ouvir, criando muita poesia, e combinando diferentes tons em uma faixa profunda sobre nossas relações.

“Esse é o primeiro lovesong que eu lanço, trago melodias, canto e etc. Mas não é o primeiro que eu componho e gravo. Ando sentindo falta de falar sobre outros temas já faz mais de um ano, afinal a gente escreve e canta o que vive, seria impossível falar sobre o mesmo tema a vida toda. Está sendo libertador poder acessar esse espaço em mim. Sinto que estou conhecendo mais a fundo a Killa Bi, realizando trabalhos como esse. E quero apresentar todas essas camadas a quem me escuta.

A faixa nasceu de uma maneira bem espontânea, eu não pensei em falar sobre o tema apego, sobre o tema término de relação e nem sobre nada disso. Só depois dela pronta, que eu parei de tratar ela como uma faixa de bom refrão apenas, que eu dei a importância que ela merecia, inclusive pensei em lançar. Porque tem uma qualidade sonora, de fato eu gosto muito do que a gente fez ali, mas eu acho que é mais que isso, é o nosso inconsciente trabalhando também. Ouvindo depois eu fiquei feliz que eu tô pensando tudo isso, que eu tô falando sobre isso, que eu tô observando essas coisas, que eu sei o que eu não quero e tô descobrindo o que eu quero. É referente às relações, para além das relações afetivas, não perder essa individualidade, conseguir ser leal, conseguir estar junto e continuar sendo eu”. – Killa Bi

“Dependente afetivamente, ácido e duro

Imaturo, inseguro e necessário

Descoberto amor romântico, ultrapassado

Tudo fechado, me falta ar pra respirar

E eu, preciso voar”

Killa Bi – APEGO

Killa sempre mostrou uma caneta bem pessoal, falando sobre seus corres e trajetórias, artísticas e pessoais, mas nesse trabalho ela traz algo ainda mais seu, falando de sentimentos e fragilidades, expondo outro lado seu para o seu público. Uma mudança de ares e temas na sua música, que reflete também o amadurecimento da sua caminhada pessoal e artística.

“Eu sentia falta de poder me mostrar frágil e vulnerável em minhas composições, pois é assim que me sinto muitas vezes. Comecei a compor sobre esses temas mais delicados e profundos na intenção apenas de não me afogar no meio de tanta água. Acredito que essa mudança de tema é comum na vida de uma compositora, pelo fato de que a gente vive mil coisas no dia a dia, e com certeza parte de toda vivência, vira música. Pretendo ser cada vez mais honesta e sincera com meus projetos. Sem me preocupar com tendências. Estou nesse momento questionando a forma como nos relacionamos, é um assunto que tá presente na minha vida, no agora, em rodas de amigos, mesa de bar, na minha casa e enfim, naturalmente vira música os temas do cotidiano. Acredito que esse tema ‘relação’ seja um tema universal, todos nós nos relacionamos. Independente de quem somos, de onde viemos, do nosso gênero, nós nos relacionamos. Seja com familiar, seja com amigo, colegas de profissão, ou relacionamentos afetivos.

Eu acho que o romantismo, que é colocado em volta de todas as relações, prejudica muito nós como pessoas, como individual, acho que a gente vive num loop de agradar, de suprir as expectativas de outra pessoa e acaba se deixando de lado. O ‘APEGO’ fala mais sobre a relação afetiva que é essa confusão que o romantismo traz pra gente, de achar que essa é a forma certa de amar, que é assim que se ama e nos afasta de nós mesmos. Eu quero tá bem juntinho de mim, se for pra tá apegada a alguém ou em alguma coisa que seja a mim mesma.” – Killa Bi

Combinando vozes com Janvi

Além da grande performance de Killa, esse som traz também a ótima presença da Janvi, que apresenta um outro tom sonoro para a faixa, criando uma linda combinação de vozes, equilibrando um tom mais grave com uma sonoridade mais aguda, e com uma caneta bem direta sem perder o lado poético da faixa, que rendeu uma ótima conexão e entrega entre as artistas.

“Encontrar Janvi foi um presente. Na nossa primeira sessão de estúdio nasceu uma música, e com esse mesmo tema, esse mesmo universo. Janvi fala sobre absolutamente tudo de maneira muito poética, sincera e contagiante. A energia e bom humor sagitariano de Janvi, com certeza combina muito comigo. Essa faixa foi a terceira que fizemos, e flui como as outras duas também. Ouvindo o beat no repeat, conversando sobre a vida, até que nasce a primeira frase, ou a primeira linha de melodia e daí só flui. Janvi é livre demais, pra criar, mudar e fazer de novo. Gosto muito desse desapego artístico, me potencializa muito ver ela criar. E daí tem o lance da voz, que foi isso, combinou muito com meu timbre. Ficou simplesmente muito fácil criar refrão, rs. E meu grave com o agudo de Janvi, é lindo. Vocês precisam ouvir.” – Killa Bi

Além da escrita e entrega vocal das artistas, que nos leva para um contexto mais introspectivo e sentimental, a produção da faixa chegou muito bem cadenciada, combinando elementos sonoros diversos, com batidas marcantes que ampliam e nos levam ainda mais para esse ambiente melódico e poético proposto pelo som, que encaixa muito bem com as performances de Killa e Janvi.

“A produção musical foi feita pelo gad, um amigo nosso e beatmaker, de São José dos Campos, ele faz parte do coletivo Viva Sua Revolução, onde tem vários artistas importantes pra cena underground do Vale. Janvi tava com esse beat mocado no drive dela, numa sessão aqui em casa, ouvindo várias coisas, a gente chegou nele. Tocou uma vez e depois não tocou mais nada. A gente não precisou nem mapear o beat, do jeito que tava, gravamos e botamos pra andar. Gad acertou muito. Depois enviamos pro Ramiro mixar e masterizar o que gravamos. Mandei aquela referência de volumes, uns três áudios de dois minutos explicando a proposta do som e fé! Assim nasce ‘APEGO’.”

As cores do APEGO

Mantendo a atenção e o cuidado audiovisual com seus trabalhos, como feito nos seus últimos lançamentos, Killa Bi traz para “APEGO” uma relação visual fortemente ligada com a temática do som.

“A parte visual desse single vem um pouco diferente do que vinha trazendo. Eu queria ir de acordo com o som, e tratar das imagens de maneira mais introspectiva e simples. Optei pelo preto e branco, porque acredito que o sentimento ‘apego’ deixa as coisas meio assim, binárias, duais, limitadas, com pouca variedade de cor. Bruno Cons passou uns dias comigo, conversando sobre o single e captando imagens do cotidiano. Minha ideia era trazer a música pra perto de nós. Queria mostrar movimentações do dia a dia, de pessoas simples, pessoas reais, assim como nós. Pessoas que amam, erram, acertam, começam, terminam, se apegam, choram, machucam, destrói, constrói, pessoas que são pessoas e só. Não queria uma performance pra câmera, nem uma ‘atuação’ ou algo do tipo. Eu queria algo simples como se apegar. Preto e branco como é estar apegado. Escolher a capa foi fácil, tava visitando as fotos do Vini Gon, e vi aquela mão contra o vidro, me deu uma sensação de estar presa, e eu pensei, essa é a capa de ‘APEGO’. Falei com o Vini e fizemos da foto a capa. Resolvi não colocar nem o nome da faixa na capa. Só a foto e pronto. Quero te chamar pra pensar sobre, quero que você crie sua maneira de pensar sobre esse assunto. Quero que interprete à sua maneira, a minha dor, a minha exposição ou falta dela.

A faixa “APEGO” de Killa Bi e Janvi, já está disponível nas principais plataformas de streaming, e o clipe pode ser conferido no canal da Killa Bi, no YouTube.

“‘APEGO’ fala sobre muita coisa, sobre as expectativas que nós mesmos nos colocamos. Muitas das coisas faladas ali é pra mim mesma, é uma armadilha que qualquer um pode cair, tem que estar atenta, ligeira e disposta a falar sobre, a cutucar as feridas e lamber depois. Não é nem um pouco confortável entender o que é o apego, o que isso traz de bom e de ruim, porque é tão difícil lidar com certas coisas quando ele está presente. Viver no apego é dar margem pra um monte de coisa que não é daora pra nós, não é saudável, e não é nosso. São pensamentos e culturas colonizadoras que nasceram com o grande intuito de controlar a nós. Principalmente corpos racializades.” – Killa Bi

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Souzera e Meninsk se unem para lançar Double Single https://strads.com.br/2023/11/22/souzera-e-meninks-se-unem-para-lancar-double-single/ https://strads.com.br/2023/11/22/souzera-e-meninks-se-unem-para-lancar-double-single/#respond Wed, 22 Nov 2023 13:35:38 +0000 https://strads.com.br/?p=5041 Com “Fino e Elegante” e “Devagar e Sempre”, MC e Beatmaker de MG combinam suas melhores características em um projeto que retoma identidades clássicas do Rap

por Gustavo Silva

Fazendo a ligação entre o interior e a capital de Minas Gerais, Souzera e Meninsk são, respectivamente, um MC e um Beatmaker com uma trajetória crescente no cenário nacional. 

Enquanto Souzera encontrou nas linhas do Rap o veículo para se expressar, com vários trabalhos lançados, em especial, nas batidas clássicas do Boombap, Meninsk descobriu sua arte nas batidas, atuando como beatmaker e produtor musical pela Catioros Records, selo musical independente de Belo Horizonte. Os artistas não tinham exatamente uma caminhada conjunta, mas tiveram suas trajetórias atravessadas por parceiros em comum, que oportunizaram o nascimento deste projeto onde os artistas se encaixam muito bem entre versos e batidas, em um trabalho que mostra muita sintonia.

“Essa aproximação com o Meninsk aconteceu por uma ponte através do Noturno84 lá de São Paulo, um produtor que participou da mixtape ‘Diáspora’ da Catioros Records. Eu já tinha feito alguns trampos com o Noturno e a partir desse disco comecei a acompanhar o Meninsk, a Catioros, e por ele ser beatmaker eu já tinha esse interesse, achava muito foda as batidas dele, do Boombap, eu curto muito produtores que focam no Boombap. No ano passado eu ouvi esse beat de Lo-Fi em um stories dele e já peguei o beat na hora, tinha uma letra que ia encaixar perfeitamente na minha visão, claro que rolaram alguns ajustes, mas assim nasceu a ‘Devagar e Sempre’.

Em “Devagar e Sempre”, Souzera apresenta alguém que está sempre em movimento, sem pressa, correndo atrás do que acredita, movido pela poesia, em busca de viver do seu sonho, com uma caneta muito potencializada pelo beat Lo-Fi, de Meninsk, que prepara o terreno para a poética faixa. A simplicidade técnica, somando poucos elementos na melodia e batida, ilustram o conceito nostálgico e reflexivo da faixa, aprofundado na lírica intimista do MC. A bateria característica do Lo-Fi, com timbres de caixa, bumbo e pratos em baixa fidelidade, se mistura à uma insistente linha de um piano ébrio e um sax oportuno e aconchegante. Se a letra trata de uma reflexão matutina, a batida ambienta essa estética nostálgica de pensar o ontem no nascimento de um novo dia.

Alguns meses depois eu adquiri outro beat com ele que deu origem à ‘Fino e Elegante’, um Boombap cabuloso, que me trouxe a palavra ‘elegância’ na mente assim que eu ouvi esse som pela primeira vez, um beat realmente elegante. A minha ideia era soltar “Fino e Elegante” no ano que vem, nem estava com a ideia de gravar as vozes esse ano. Aí eu dei ideia no Meninsk, falei que ia lançar esse som Lo-Fi com ele, mas o orçamento final do lançamento que estávamos planejando ficou muito pesado, foi aí que o Meninsk me apresentou os caras da Strads, o Spuri, que fechou esse projeto com a gente, e nos deu a ideia de fazer esse lançamento como um double single com as faixas: ‘Fino e Elegante’ e ‘Devagar e Sempre’”. – Souzera

Em “Fino e Elegante”, Souzera destaca a importância da palavra como forma de instigar o ouvinte, fazendo o uso de trocadilhos para enaltecer o lado boêmio e satírico. Na batida, Meninsk nos leva em uma viagem pela sonoridade mais clássica do Rap, com um beat de Boombap rico de elementos diversos, que ambientaliza muito bem com os versos mais secos de Souzera.

Um grande destaque desses lançamentos que chama muito a atenção é a versatilidade da escrita do Souzera, que traz em um single versos mais poéticos e pessoais, e na outra faixa já transmite uma ideia mais direta, com flow mais agressivo e uma caneta carregada de ideias, que mostra muito das suas características como cria das batalhas de rima, trabalhando muita versatilidade nos versos.

“Me interno, por isso escrevo

Eu me entrego por inteiro aqui nesse caderno

Criei elos que nunca consegui desprendê-los

A consciência traz o peso, então eu descarrego”

Souzera – Fino e Elegante

“Eu tava com a letra de ‘Fino e Elegante’ mais ou menos pronta antes de pegar o beat, com essa ideia mais positiva mesmo, que encaixou demais com essa batida. A ideia principal realmente era fazer uma escrita mais alegre, mas eu sempre gostei muito de escrever com trocadilhos, jogo de palavras, metáfora, alguma ironia e tentei passar isso na letra, um pouco de boemia, numa pegada mais largada, representando o fino e o elegante. Eu sempre procurei não fazer a mesma coisa, tentar fugir da zona de conforto na minha escrita. Então tem sons que de cara já vão transmitir o que eu quero passar na letra, seja revolta, seja tristeza, seja amor, vai ter essa característica. Ao mesmo tempo acho que tem uma semelhança entre todos eles” – Souzera

As produções do Meninsk são outro destaque desses lançamentos, hora criando uma perfeita ambientação Lo-Fi, hora retornando às sonoridades clássicas do Rap com o Boombap, em produções com elementos diversos que ambientalizam muito bem com os versos do MC, reforçado suas próprias características mais ligadas à essa sonoridade clássica do Rap, demonstrando a ótima coesão entre os artistas, mesmo que o projeto não tenha sido pensado e construído em conjunto desde o princípio, mas que apresenta muito bem a identidade de ambos. “Esse projeto não foi intencional, planejado desde o início, foi algo construído ao longo do tempo e acabou que realmente casaram demais as ideias, nos dois sons, seja na batida, seja na letra, seja nas capas que o Spuri desembolou, até nos nomes das faixas, encaixaram certinho como um projeto único” – Souzera

“Se o clima azeda eu adoço

Joguei fora o remorso

Por quem queria reabrir minha ferida

Pedi aos anjos que me escutassem

Me iluminassem

Me enviaram essa batida”

Souzera – Devagar e Sempre

Na parte visual, os artistas contaram com o toque do Spurimaker, que trabalhou técnicas de colagens a partir de samples de discos clássicos para buscar novas referências que dialogassem bem com os projetos sonoros apresentados por Souzera e Meninsk nesse double single. “Eu busquei sair do óbvio, da questão das referências que grande parte da galera faz. Em um primeiro momento eu tentei seguir um processo de pegar elementos citados na música pra usar como referências da capa, mas o processo de construção que eu já tenho não é tão desse lado, sou mais focado em fazer outro fundamento e buscar coisas não tão óbvias. Nisso eu comecei a fazer uma pesquisa dos encartes dos discos que eu tenho na minha coleção e fiz um estudo com base na nomenclatura em si e no que as músicas traziam.

A capa de ‘Fino e Elegante’ veio de um álbum do Stevie Wonder, que eu peguei um recorte pequeno da capa, aumentei ela, coloquei uma tarja japonesa e fiz um tratamento de cor. Essa capa eu escolhi, porque nela o Stevie Wonder tá bem estiloso, com um terno, óculos, bem no estilo fino e elegante de fato, e a musicalidade que tem nesse disco também é bem elegante de se ouvir, então eu busquei trazer essa semelhança, esse easter egg, essa ligação, não exatamente do que ele está dizendo na letra da música, mas o que propõe o título da música e o que carrega o significante dela. O recorte da capa que eu usei foi do encarte do disco, de uma cortina, que eu entendo que traz essa coisa elegante, com a cor que eu coloquei também, trouxe uma pincelada mais óbvia mas com o significado nessa entrelinha sampleada da capa do Stevie Wonder.

A capa de ‘Devagar e Sempre’ eu usei a contracapa de um vinil que é uma coletânea gringa que são clássicos da música americana, com esse carro e essa árvore, mas condiz com o conteúdo do disco, pela questão de usar o ‘sempre’ como clássicos que vão tocar pra sempre, esse disco traz isso, são músicas que foram feitas há 40 anos atrás e tocam até hoje e sem essa pressa que a gente vê nos streamings, de lançar uma música, depois outra, depois outra, então o ‘devagar’ vem nesse sentido, músicas que foram produzidas sem essa ânsia (devagar) e tocam até hoje (sempre). E tem uma outra ligação que é com o carro antigo, que corre muito, não é lento, mas tem uma simbologia de ligação com Cuba, onde o progresso anda mais devagar mas ao mesmo tempo tem carros que eles usam que estão novos e são modelos antigos, que não fazem parte da indústria automobilística atual. Então esse ‘devagar e sempre’ é mais nesse intuito das músicas antigas da coletânea e do símbolo do carro, que mostra um progresso devagar mas duradouro” – Spurimaker

O double single “Devagar e Sempre” e “Fino e Elegante” de Souzera e Meninsk já está disponível nas principais plataformas de streaming.

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Marcando uma inovação em sua carreira, Jo.Zê lança novo single “Toda Palavra” https://strads.com.br/2023/11/21/toda-palavra/ https://strads.com.br/2023/11/21/toda-palavra/#respond Tue, 21 Nov 2023 00:07:20 +0000 https://strads.com.br/?p=5031 Combinando rimas afiadas, um flow diferenciado e um refrão cativante, o MC de São Paulo promete grudar na mente dos ouvintes com seu novo lançamento.

por Gustavo Silva

Vindo diretamente da capital de São Paulo, Jo.Zê é um artista com um trajetória no Rap que vem sendo construída junto ao público desde 2018, contando com lançamentos de alguns singles e um EP. Cinco anos após iniciar sua caminhada artística, o MC chega com um novo lançamento que promete apresentar uma nova proposta de lírica e sonoridade ao seu público com o single “Toda Palavra”.

“Eu gosto de explorar a minha criatividade e quando o instrumental me permite eu gosto de brincar com as métricas e com o verso. Nessa eu vim mais despojado porque eu venho de um lugar que o beat dá o tom da música e a criatividade fica livre pra ir pelos lugares que quiser. Por isso eu falo um pouco de tudo nessas rimas: lucro, sexo, ódio à burguesia, meu amor e outras coisas mais. Na hora de gravar me vem os adlibs e eles são parte da cara do som, além de ter a ajuda do meu mano André Papi na mixagem que aplicou alguns efeitos que também fazem a música ter essa cara” – Jo.Zê

Conhecido por pautar temas diversos como relacionamentos, negritude e vivência favelada, em seu novo single Jo.Zê busca trabalhar com uma nova abordagem sonora e de escrita, que o artista pretende dar sequência e desenvolver cada vez mais para a sua trajetória musical a partir desse lançamento.

“Eu pretendo continuar buscando novos caminhos pra minha criatividade na lírica e pra minha musicalidade. Eu gosto de pensar que eu sou tão musicista quanto alguém que toca um violoncelo ou tão articulado quanto alguém que dança. A técnica de um musicista tá presente na minha arte como a organicidade também tá. Com o flow que eu lanço meus passinho e faço a música ganhar movimento e balanço – e vou continuar com esse jeito enquanto eu tiver o que falar, com a forma que eu quiser falar.”  – Jo.Zê

A sua escrita e flow nesse single chamam muito a atenção e são alguns dos pontos mais fortes do lançamento, mostrando as características do seu Rap já conhecidas pelo seu público, mas trazendo novos elementos para a sua performance lírica e vocal, que apontam para uma evolução na sua forma de criar. Em “Toda Palavra”, Jo.Zê destaca que não se baseou em grandes referências musicais para criar o single, pelo contrário, ele buscou criar algo completamente novo, sem influências ou pontos de referência preestabelecidos, desafiando as convenções e oferecendo um som fresco e autêntico, com a intenção de atrair uma audiência mais ampla e, ao mesmo tempo, fortalecer os laços com seu público já existente.

“Todo silêncio é pra aprender

Quando falar, cê vai entender

Toda palavra é pra lavar”

Jo.Zê – Toda Palavra

“O instrumental dá o tom que eu sigo e exploro com minha criatividade. Eu escuto o beat inúmeras vezes antes e durante o processo criativo, pra torná-lo parte de mim como minha própria respiração e conhecer cada elemento e viradinha que possa ter dentro dele. Tendo ele mapeado na minha cabeça eu tento aproveitar os elementos e timbres que estão intrínsecos e o meu flow vem muito disso. Já a lírica veio mais solta, sem muitas amarras temáticas até chegar o refrão. O refrão tem um tema que eu já tentei trabalhar muitas vezes até chegar nesse resultado que se ouve na faixa. ‘Palavra pra lavar’ é um jogo de palavra que permeia meus cadernos e blocos de notas há um bom tempo. Mas no verso eu falei o que senti vontade de falar, sendo malicioso em alguns momentos, sarcástico em outros e assim se deu a música.” – Jo.Zê

A produção desse single também é um grande destaque, com seu irmão JKN Beats trazendo instrumentais muito bem trabalhados que se encaixam muito bem com a escrita e entrega vocal de Jo.Zê no som, contando também com o trabalho de André Papi na mixagem, Silas Machado na captação e Slim Rimografia na masterização.

“Esse beat veio na mesma leva que alguns beats do meu EP ‘Linhas, vozes & arranjos’. Meu irmão, JKN Beats, produziu o beat e me mandou pelo WhatsApp e eu deixei ele no gelo por causa do processo do EP, mas desde que eu ouvi pela primeira vez sabia que tinha algo de diferente nele e por mais que ele não tivesse dentro da proposta do EP, ele merecia um espaço especial, por isso eu pensei nele como single. Eu percebo já uma identidade no trabalho que meu irmão faz e, às vezes, ele explora mais outros lados dessa identidade e é muito louco ver o progresso dele, porque eu não imaginava que meu irmãozinho (irmão de sangue mesmo) se tornaria produtor e dos brabos.” – Jo.Zê

Com assinatura de João Gabriel, a identidade visual deste projeto é marcada pelas cores azul bebê e verde musgo/militar, que refletem a singularidade da música e seu conceito. O single “Toda Palavra” já está disponível nas principais plataformas de streaming. Acompanhe o Jo.Zê nas redes sociais para conferir todos os seus lançamentos que estão vindo aí para o próximo ano!

“Quem gosta do meu som vai ter overdose sonora ano que vem, tem single e mixtapes a caminho!” – Jo.Zê

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Trabalho em família: Matéria Prima e Goribeatzz lançam o álbum “No Intervalo do Fim” https://strads.com.br/2023/10/04/trabalho-em-familia-materia-prima-e-goribeatzz-lancam-o-album-no-intervalo-do-fim/ https://strads.com.br/2023/10/04/trabalho-em-familia-materia-prima-e-goribeatzz-lancam-o-album-no-intervalo-do-fim/#respond Wed, 04 Oct 2023 14:49:58 +0000 https://strads.com.br/?p=5022 Reunindo mais uma vez a família Tetriz, Matéria Prima destrincha sua caneta afiada nas batidas do Goribeatzz com participação de Ramiro Mart em novo lançamento

por Gustavo Silva

A cultura Hip-Hop é permeada ao longo da sua história por inúmeros grupos de enorme importância para a evolução e perpetuação da cultura através da união de grandes MCs, DJs, produtores, beatmakers, dançarinos e artistas visuais criando e produzindo juntos em prol de uma mesma essência e movimento cultural.

As formações de grupos de Rap são capazes de elevar o máximo potencial de cada membro, destacando suas particularidades e fortalecendo sua conexão através de um pensamento e atuação criativa coletiva.

Família brasileira

No Hip-Hop, o Brasil foi e segue sendo um solo efervescente para o surgimento de grandes grupos de Rap, tidos por muitos como os mais relevantes de toda a cultura por seu impacto dentro e fora da música.

Hoje falamos por aqui de alguns nomes que fazem e seguem fazendo parte da formação de grandes exemplos dessa construção coletiva, como Matéria Prima, que fez parte das formações de grupos clássicos como Quinto Andar e Subsolo ao lado de outras relíquias do cenário nacional. Mais tarde, em 2017, a dinâmica do trabalho em família voltou para a trajetória de Matéria Prima, quando se viu ao lado de outros dois grandes expoentes da cultura nacional: Ramiro Mart e Goribeatzz, que juntos, deram surgimento a um novo e revigorante grupo de Rap: o Tetriz.

Foto: Diogo Carvalho

Hoje, o trio conta com 4 álbuns lançados em uma dinâmica que trabalha as canetas afiadas de Matéria e Ramiro, nas produções únicas de Gori, em uma estética sonora que abusa da identificação com tecnologias e jogos, produzindo algo totalmente original e carregado de identidade até hoje. Por essas e outras, que ver os nomes desses artistas juntos em um projeto, é capaz de despertar a empolgação ou no mínimo o interesse de qualquer amante desta cultura.

Outra fase

Com o último álbum de estúdio lançado em 2021, o Tetriz buscava retornar com um novo projeto em 2023, mas as ideias iniciais tiveram de ser remanejadas com o nascimento do filho do Ramiro, que requer a merecida atenção do artista, impossibilitando um foco completo em um projeto neste momento.

Assim, Matéria Prima assumiu a caneta que, alinhada às produções do Gori, à sempre presente participação de Ramiro e aos visuais de Leandro Lassmar, que assinou as capas de todos os projetos do grupo, deu nascimento ao álbum “No Intervalo do Fim”, um trabalho autoral de Matéria Prima e Goribeatzz com todo o espírito do Tetriz.

“Primeiramente, queria agradecer o espaço e a pesquisa que vocês fazem do Rap fora do radar! Curiosidade: esse disco começou a ser feito antes do EP que eu fiz com o Imane Rane, “De Manhã”. Eu comecei a escrever inicialmente pra ser um projeto do Tetriz, por isso o Lassmar é uma parte do projeto, sem dúvida, ele é o quarto membro do Tetriz. Além de fazer as capas pros nossos discos, foi ele que fez o beat pra esse som aqui. Mas o Ramiro Mart, o outro MC do projeto, teve um filho e aí não podia dividir sua atenção com o trampo. Daí o fluxo das ideias tava favorável e eu deixei a caneta levar. A gente ainda esperou um pouco pra ver se o Ramiro conseguia chegar, mas aí não deu hehehe. Na real, respondendo sua pergunta, esse trabalho devia se chamar Tetriz apresenta: Matéria Prima!” – Matéria Prima

Entre parcerias, canetas e batidas

Mais uma vez, com Matéria Prima e Gori fechando um trabalho juntos, de canetas e batidas que se combinam e potencializam ao longo das 11 faixas, o álbum é carregado de produções que destacam muito bem o Boombap, criando ambientes sonoros que remetem aos Raps clássicos do Tetriz, mas também combinam e se apropriam de sonoridades atuais, como já é característica da sonoridade do grupo, em mais um acerto para a biblioteca de produções que o Gori nos entregou ao longo da sua trajetória como produtor, assim como as exemplares canetadas do Matéria que seguem trazendo sempre um diferencial para a atuação do MC.

“Eu, Gori e Ramiro temos uma química muito boa, mas na pandemia a gente deu uma afastada e nesse ano voltou a pensar numa possibilidade de fazer mais um disco. Daí o Gori mandou uma tonelada de beats e a gente começou a pescar. Lembro que a primeira linha que saiu quando a gente decidiu fazer o trampo foi a da música “É de Lei”: “1, 2, 1, 2, teste, teste…”. E aí a caneta foi chamando, e como eu e Ramiro dividimos os versos, fiquei ali no aguardo. Mas como ele teve a cria e tava muito ocupado, eu chamei a responsa de fazer o trampo e não deixar morrer. Fora isso, eu já tinha dois sons feitos na pandemia: “Pra Onde Vou” (com a nabru e a 1LUM3) e o “Acendendo a Chama” (com o Gato Congelado e o DJ Mako). Então já tinha começado ali. Eu meio que fiz o “De Manhã” e o “Intervalo” juntos. E o Gori tem uma pesquisa e ousadia pra fazer os beats que instigam minha escrita desde sempre” – Matéria Prima

“Meu nome é Matéria Prima

Minha vida é uma delícia

Meu filho me orgulha

Tenho trauma de polícia”

Matéria Prima –  Meu Nome É

Mantendo algumas características do seu último trabalho, neste novo lançamento, Matéria trouxe na caneta poderosos refrões e versos, combinando suas visões sobre arte e suas finalidades, sobre sua trajetória, sobre fazer Rap, sobre suas relações, obstáculos e conquistas ao longo desse caminho e também sobre Brasil.

“Os beats do Gori foram puxando os assuntos. Tinha algumas coisas que já tinha escrito e outras que pediram atenção no processo. E uma coisa que sempre tento fazer é trazer um elemento que se destaca de tudo o que é feito nos meus trabalhos. Eu tento trazer um pouco mais de irreverência pro trabalho. A gente vai envelhecendo e vê que tem muito tempo pra ficar sério depois de morrer, como disse um ator numa peça que vi há uns anos atrás, e é um desafio porque meus trabalhos sempre foram muito introspectivos, ainda que virar essa chave seja um processo natural. E os discos vão se organizando ao longo do processo. E como todo bom disco, a intro é a última coisa a ser feita. É parecido com o processo de passagem de som num festival: a última banda a tocar chega mais cedo no dia e testa o som primeiro” – Matéria Prima

Além da família Tetriz, esse álbum traz feats de muito peso que engrandecem o trabalho como um todo, através de nomes como nabru, 1LUM3, Gato Congelado e DJ Mako, escolhas de grande importância que são nomes que também já fazem parte da trajetória do Matéria Prima.

“Como tinha dito antes, duas faixas já tavam prontas, mas ainda não tinha certeza se iam fazer parte dum projeto ou se iam ser lançadas como singles. O tempo foi passando e os sons ali guardados pra entender o processo. Eu, Gato e Mako já tínhamos um trampo que vem da época do Quinto Andar e do Subsolo. nabru e 1LUM3 eu conheci em 2018, e tivemos a chance de trabalhar no meu disco “VISÃO”, de 2020, produzido por niLL, O Adotado. Essas parcerias vão sempre ter um espaço no meu trampo quando o trampo tiver a ver com o trabalho delas também, ou se sentirem confortáveis com a proposta. Além disso, todo mundo é parça hehehe!!” – Matéria Prima

Produtividade x Produto

Além de despertar a atenção para a alta qualidade desses artistas individualmente, a união da família Tetriz nos faz refletir também sobre o momento de alta produtividade vivida por cada um. Esse álbum vem na sequência do EP “De Manhã”, do Matéria, que saiu em julho; enquanto o Gori vem na sequência de outro trabalho lançado no início do ano; e Ramiro como sempre trampando em tudo.

Acompanhando esse projeto, podemos refletir sobre como os artistas sentem a produtividade nesse embate entre lançar novos projetos como resultado da sua criatividade, atendendo à sua vontade artística individual, mas também atendendo a uma necessidade mercadológica, que obriga uma alta presença e produtividade artística, alimentada pela lógica industrial das redes sociais e plataformas de streaming.

“Olha, é complexo: existe uma vontade de fazer muitos trabalhos sem que ele precise das formas de engajamento pra chegar até o ouvinte, de forma orgânica, dando mais ênfase à música. Por outro, tem que fazer valer o suor e tentar se alinhar às exigências mínimas de mercado. Mas tudo depende de estratégia, grana e parcerias. Eu tenho o talento e a sorte de ter a ajuda de alguns amigos como o RR (que inclusive lançou um trampo chamado Parresia esse ano), que faz umas peças gráficas e vídeos pro insta, as incríveis resenhas do meu mano Danilo Cruz do site Oganpazan e a força do meu mano Rômulo Spuri, do Selo Strads, que me ajuda no impulsionamento e nas burocracias do estranho mundo da música hehehe! Mas a grana pra assessoria e outras ferramentas é mais difícil. Vai das escolhas que a gente faz também: entre ser produto e ser produtivo. Não tenho muita escolha além de ser mais produtivo do que ser produto. Tem uma diferença… mas sigo procurando um equilíbrio” – Matéria Prima

O álbum “No Intervalo do Fim” já está disponível nas principais plataformas de streaming. Continuem acompanhando os artistas Matéria Prima, Goribeatzz e o próprio Tetriz nas redes e plataformas para não perderem grandes lançamentos desses nomes históricos para a nossa cultura Hip-Hop.

“Obrigado mais uma vez pelo espaço! E ouçam “No Intervalo do Fim”! Ouçam “De Manhã”! Ouçam Matéria Prima! Sigam no Instagram e Spotify! Paz!” – Matéria Prima

CLIQUE AQUI PARA OUVIR

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Barba Negra lança faixa/filme retratando mais um retorno do pirata aos mares do Rap https://strads.com.br/2023/10/02/barba-negra-retorna-aos-mares/ https://strads.com.br/2023/10/02/barba-negra-retorna-aos-mares/#respond Mon, 02 Oct 2023 18:58:46 +0000 https://strads.com.br/?p=5010 Com lançamento do filme “OPUS I”, Barba Negra apresenta o seu novo álbum com faixa que homenageia referências que marcaram sua trajetória artística e pessoal

por Gustavo Silva

Na cultura Hip-Hop existem muitas figuras que marcaram e seguem marcando a história do movimento, pela importância das suas atuações artísticas, pessoais e sociais, e também pelo compromisso com a valorização da essência da cultura Hip-Hop no seu cerne desde sempre. O nome que trazemos aqui hoje é uma dessas figuras marcantes para o cenário nacional, que conta com uma trajetória longa e muito rica na música, pautada por importantes trabalhos pela cultura que consagraram, no underground e fora dele, o nome do MC Ralph.

Não sinto que deva ser necessário fazer as apresentações do MC Ralph, a sua história fala por ela mesma, e a importância de toda a sua atuação segue semeada até os dias de hoje. Vamos falar então sobre outras faces do artista, outras personalidades que Ralph foi descobrindo e apresentando como forma de trabalhar sua arte, e que seguem mantendo o seu legado valoroso no Hip-Hop com muito compromisso e identidade.

MC Ralph a.k.a. Barba Negra a.k.a. O Terrível Ladrão de Loops

Marcando a cena do Vale do Paraíba de onde é natural, MC Ralph foi um dos grandes nomes que a região trouxe para o Rap se firmando cada vez mais como um território efervescente para a cena nacional ano após ano.

Com uma atuação forte nas batalhas, o MC desenvolveu o freestyle como uma das suas grandes marcas, exploradas até hoje em suas apresentações ao vivo. Para além da arte do improviso, a arte de canetar versos certeiros e criar cenários e histórias muito vivas em poucas linhas, levou a atuação do MC longe e abriu novos caminhos para a sua forma de fazer arte, dando origem a novas personalidades.

Com o Barba Negra, o artista criou um diálogo estético entre o seu lado MC e o seu lado pirata, construindo obras fortemente aprofundadas nessa ambientação, renovando a caneta e entrega performática do MC e trazendo novos tripulantes para conhecer o extenso repertório pilhado pelo seu navio de rimas ao longo de todos esses anos. Para acompanhar essa caneta pirata, O Terrível Ladrão de Loops surgiu como o seu alter ego criador das suas novas produções, voltadas a trabalhar as sonoridades e estéticas do Boombap já conhecidas pelo artista, combinando com as referências musicais e culturais que fizeram e seguem fazendo parte da sua trajetória artística.

Com essa dupla, o artista trouxe grandes projetos nos últimos anos que se destacam pela qualidade e originalidade em suas entregas, como: A Ópera do Pirata, Braselda (com Mistah Jordan), O Pirata em Tokyo, Malbec e Fettuccine (com Mattenie), Loops e Mandingas (com Pirata Raíssa) e As incríveis histórias de: Underground Superhero Vs O Terrível Ladrão de Loops (com Akira Presidente).

“Ópera Parte II”: um disco/filme

Agora, em 2023, o pirata Barba Negra retorna aos mares do Rap acompanhado pelas produções d’O Terrível Ladrão de Loops, para entregar a segunda parte da sua ópera pirata, em um disco/filme.

“Nessa segunda parte da obra, na ‘Ópera Parte II’ eu resolvi eu mesmo assinar as produções. Essa parada de loop, de instrumentais de Rap sem drumkit, sem muito peso, sem bumbo, caixa e chimbal, isso me encantou lá em 2018 e por isso fiz o disco ‘A Ópera do Pirata’. Na época eu tinha acabado de comprar a SP303 (máquina clássica de samplear e fazer beats). Mas eu estava ainda inseguro pra rimar nas minhas produções. Encontrei o Sala 70 que tinha muitas bases nesse estilo e foi perfeito para criar aquela obra. Já hoje, 5 anos depois, vejo que aquela obra foi um marco no Rap Nacional por abrir um caminho que estava começando a tomar  a cena no underground da gringa, mas aqui ainda não existia muito. Como produtor, consegui nesses últimos anos conectar muitos MCs e nomes fortes da cena para experimentar esse estilo de som. Mas eu precisava fazer um disco na mesma atmosfera do ‘Ópera’ comigo mesmo na produção. E agora, isso foi possível e demos início nessa nova jornada do pirata Barba Negra a.k.a. O Terrível Ladrão de Loops” – Barba Negra

OPUS I: referências e influências do pirata

Como primeira amostra, e anúncio, do seu novo trabalho, Barba Negra lançou “OPUS I”, uma faixa que já tinha sido lançada nas plataformas no fim de agosto e agora chega com um filme no YouTube.

Nessa faixa, Barba Negra traz diversas referências que fazem parte da sua trajetória de vida e artística e do seu repertório cultural, algumas delas até foram destrinchadas em conteúdos lançados nas redes sociais trazendo pistas sobre trechos da letra. Além de prestar homenagens a grandes nomes da cultura e às suas crenças pessoais, em “OPUS I” podemos sentir a potência das marcantes características da caneta de Barba Negra que já conhecemos em outros trabalhos.

“Chapando no fone com 

um loop roubado e um verso xamânico

fazendo minha mente de ônibus

de Rap minha vida é sinônimo

meu reggae nunca foi britânico

meu DNA salomônico”

“Essa faixa ‘OPUS I’ traduz bem a intenção da obra: impactar! É uma lírica forte. Em um instrumental com um clima meio medieval, meio teatral, meio ópera mesmo. É o pirata afirmando suas referências. Apontando para suas influências. E ao mesmo tempo, se empoderando do espaço na cena. É mais uma fincada de bandeira no território do Rap Nacional” – Barba Negra

Com os loops respeitosamente roubados pelo O Terrível Ladrão de Loops, a produção dessa faixa carrega a estética musical do Barba Negra na linha Boombap/Drumless, que destaca a presença de instrumentais muito bem trabalhados e equilibrados com a cadência da letra que pode ser explorada de formas diversas neste ambiente sonoro criado por essa forma de produção.

“Essa parada do drumless é uma estética muito interessante para os MCs. Por não ter uma batida forte marcando os compassos, quem comanda o balanço da música é o flow do MC. Isso possibilita muita inovação. Além de valorizar muito o sample. O disco todo vem nessa linha. Com samples antigos de discos escondidos do baú do pirata, e uma lírica afiada para conduzir a história que tá sendo narrada” – Barba Negra

Outro destaque forte de “OPUS I” é o trabalho visual do filme realizado pela Confector Filmes, que potencializa a identidade estética do pirata através de elementos visuais marcantes nas águas do litoral norte de SP, com ótimas transições de cor e movimentos de câmera que criam uma ambientação muito alinhada com a produção da faixa.

“O audiovisual, o filme, é um espetáculo à parte nessa obra. Assim como no trabalho de 2018, estamos fazendo clipe de todas as 8 faixas do disco. Mas desta vez, a nossa intenção é que as faixas se unam ainda mais e nos tragam a noção de totalidade. Quando chegarem todos os clipes, tudo vai virar um filme só. Uma obra só. De uma maneira bem surpreendente na verdade. Estamos bem animados com a sensação que cada obra pode causar no ouvinte/espectador. Os meninos da Confector Filmes captaram muito bem o sentimento da música. A Atmosfera do Rap. E foram perfeitos no registro, na textura e na edição das imagens. A ideia era exatamente essa. Um Rap sujo. Uma cena suja. Pouca cor. Muito sentimento. Uma atmosfera mística. Muito inspirada na cena de abertura do filme ‘Brumas de Avalon’” – Barba Negra

Expandindo horizontes

Além do retorno do pirata aos mares do Rap, outra novidade na caminhada do artista é a recente parceria com a produtora Strads, que vem abrir novos trajetos para O Terrível Ladrão de Loops e o Barba Negra. “Faz bastante tempo que eu e o Spuri somos amigos. E desde sempre admirei o profissionalismo e a humanidade que ele trata tudo que ele faz. Desde os tempos de Straditerra. Agora chegou o momento de unirmos forças e realmente expandirmos nossos horizontes. Eu, como MC, selectah e produtor, estou bem maduro e consciente do que eu quero e onde quero chegar. E, pra mim, é por isso e pelo profissionalismo e amor pela cultura da Strads, que essa parceria promete tantos frutos bons” – Barba Negra

“Nem tudo que é bom filha da puta repercute”

A faixa/filme “OPUS I” está disponível nas principais plataformas de streaming e no YouTube. Acompanhe Barba Negra também nas redes para não perder o lançamento de “Ópera Parte II”, com previsão de lançamento para 22/11/2023 (exatos cinco anos após o lançamento da primeira parte, em 2018).

“Só quero agradecer a todos que sintonizam, acompanham e fortalecem o meu trabalho. Dizer que esse é o melhor momento criativo da minha carreira. Esses quase 25 anos trabalhando com o Rap formaram o meu caráter e me trouxeram aqui nesta condição de produzir algumas obras que considero muito relevantes para quem ama o Hip-Hop e a música. Só posso agradecer mesmo, todos que fortalecem e fazem esse trabalho ter uma visibilidade boa para atingir os olhos, ouvidos e corações” – Barba Negra

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50 anos de hip hop, 523 anos de resistência indígena: O que Hip Hop e cultura indígena tem a ver? https://strads.com.br/2023/08/26/50-anos-de-hip-hop-523-anos-de-resistencia-indigena-o-que-hip-hop-e-cultura-indigena-tem-a-ver/ https://strads.com.br/2023/08/26/50-anos-de-hip-hop-523-anos-de-resistencia-indigena-o-que-hip-hop-e-cultura-indigena-tem-a-ver/#respond Sat, 26 Aug 2023 18:26:56 +0000 https://strads.com.br/?p=4993 Entenda o debate que rola mundo afora sobre a contribuição indígena na origem do Hip Hop e de quebra conheça vários rappers indígenas.

Akuã Pataxó, Txepo Suruí e Kantupac. Fotos: Bruna Afonso, Txepo Suruí e Ana Coutinho

O Dia Internacional dos Povos Indígenas: Agosto Indígena

A fim de expandir a discussão e visibilidade das lutas indígenas, os movimentos indígenas criaram o “Agosto Indígena” como forma de descentralizar o debate e decolonizar a data do dia 19 de abril, que em geral nunca contemplou o protagonismo indígena. O mês de agosto foi escolhido por conta do dia internacional dos povos indígenas, implantado pela Organização das Nações Unidas (ONU). O mês é utilizado para articular programações desses movimentos autônomos e muitas vezes é início do período de movimentações conhecido como “Primavera Indígena”.

Em 1982 a ONU reconheceu a necessidade de uma medida que resguardasse os direitos dos povos originários, e então criou o Grupo de Trabalho sobre os Povos Indígenas. Esse movimento, datado pelo 9 de agosto, tem como principais finalidades reafirmar e disseminar a situação emergencial de melhoria dos direitos humanos, meio ambiente, desenvolvimento, educação e saúde dos povos indígenas, respeitando suas culturas e individualidades. 

No ano de 2021, as deputadas Monica Seixas e Chirley Pankará (indígena do povo Pankará) criaram a Lei 17.311/2021, que incluiu o dia 9 de agosto no calendário oficial do Estado de São Paulo.

Outras duas datas importantes para os movimentos indígenas, por exemplo, são o dia 20 de janeiro, Dia Nacional da Consciência Indígena, escolhido por marcar o dia da morte de Aimberê, guerreiro e importante liderança da Confederação dos Tamuyas e o dia 11 de outubro, o Último Dia de Liberdade, que marca o dia anterior da data que é tida como Dia de Colombo.

Os 50 anos da cultura Hip Hop

Em 2023 o Hip Hop comemora 50 anos, celebrado no dia 11 de agosto. Existem diversas versões sobre seu surgimento, mas a mais popular é a primeira festa de Hip Hop que ocorreu no bairro do Bronx, Nova Iorque, realizada por Kool Herc e Cindy Campbell. Em um contexto extremamente violento, os membros desta comunidade ressignificaram o cenário em que viviam através da dança, música, artes visuais, moda e estilo de vida. Em todos os registros desse movimento inicial, são citados como protagonistas os negros e “latino-americanos” de NY.

Nova Iorque que, diga-se de passagem, também é um território originalmente indígena, em 1970 era habitado por estrangeiros colonizadores, estrangeiros colonizados e nativos, assim como o Brasil. 

O Bronx, útero do Hip Hop, era um local marginalizado onde a resistência preta e “latina” era pesada. Estabelecido este cenário de sobrevivência, onde existia uma diversidade cultural e étnica em aliança, podemos refletir:

Quem eram esses tais “latino-americanos” do Bronx, de onde vieram e sob qual contexto histórico?
Bora entender quem foi essa rapa.

Primeiro, precisamos pontuar que “latino-americano” é um termo muito utilizado, mas muitas pessoas indígenas contestam esse termo racista. Aqui esta nomenclatura foi considerada somente a fim de entender um contexto histórico e o vocabulário utilizado nesses registros, mas essa expressão e toda a problemática colonial da sua origem deve ser fortemente questionada e negada, não só pelo sentido subjugador que carrega, mas também pela origem literal do termo “América”, que é nome de um dos colonizadores daqui (Américo Vespúcio). Teoricamente, latino-americanos são os países que falam línguas que provêm do latim (português, espanhol e francês), ou seja, não se englobam outros países do nosso continente que falam outras línguas européias, como holandês e inglês. Sendo assim, “latino-americano” abarcada muita gente mas essa generalização a nível continental (com raras exceções que confirmam a regra), parte de uma ideia racista e colonizadora. “Abya Yala” é o nome originário do continente americano adotado pela maioria do movimento indígena.

Além dos nativos originários do território dos EUA, com a colonização da “América do Norte”, houve muita imigração. O maior contingente de imigração era de mexicanos, o fluxo imigratório da fronteira imposta entre EUA e México era intenso, apesar de problemático e violento e, até hoje boa parte da população dos EUA é composta por esses “latinos” do México, que vale lembrar, é um dos países com maior população indígena no mundo. Outra grande parcela desses “latinos”, eram de Porto Rico, que  também é um território indígena. Procure conhecer o movimento dos “nuyoricanos”, porto-riquenhos que foram peça chave para o Breaking.

Bom, o ponto todo aqui é que esses “latinos” são, muitas vezes, indígenas. Se estamos falando sobre resistência, ativismo e anti racismo, é preciso treinar o raciocínio para que o ponto de partida de qualquer análise sobre movimentos culturais nos nossos territórios não se descole desse chão, da história desse lugar, dessas pessoas.
Considerando isto, vale questionar:
Será que houve contribuição indígena nos primórdios do movimento Hip Hop? 

E ainda, como era a resistência indígena norte-americana na época do surgimento do Hip Hop, para além desses imigrantes “latinos” de Nova Iorque?

É, dificilmente teremos tantos registros concretos dessa relação, pois foi intenso o investimento para apagar as contribuições indígenas ao longo da história. Inclusive, vale ressaltar que a ideia aqui não é disputar protagonismo nessa narrativa e nem alimentar uma competitividade entre pretos e indígenas, mas sim exercitar a reflexão sobre o apagamento indígena em todos os movimentos e territórios, o que chama-se de “etnocídio” e até vem ao caso lembrar do “epistemicídio” também. 

Se liga nesses trechos de pesquisas sobre isso:
“Se é verdade que os vários relatos apontam para o mesmo contexto sócio-histórico, só parcialmente podemos atribuir aos jovens afro-americanos residentes nesses locais o papel preponderante na formação do Hip Hop. Por um lado, porque, dada a diversidade étnica de zonas como o Sul do Bronx, seria sempre de considerar a hipótese de outras minorias étnicas poderem ter tido um papel na génese da cultura Hip Hop. Por outro lado, porque, de facto, para além da influência afro-americana, encontramos nos relatos sobre as primeiras manifestações do Hip Hop referências à presença de jovens de origem latina ou ‘hispânica’. Esta omissão tem sido interpretada não apenas como uma imprecisão, mas como uma tentativa explícita de minorar ou excluir a presença latina da história do Hip Hop.”
José Alberto Simões, Universidade Nova de Lisboa, 2013 – “Entre percursos e discursos identitários: etnicidade, classe e género na cultura hip-hop” /// LEIA MAIS SOBRE ISSO CLICANDO AQUI

“Como tem sido bem documentado, os latinos dos EUA têm sido os principais contribuintes para a cultura hip-hop desde seu início no South Bronx na década de 1970, quando eram principalmente os jovens porto-riquenhos e nuyoricanos que criavam estilos de dança de rua que passaram a ser conhecidos como “b-boying” ou “breaking”. O papel contínuo dos hip-hoppers descendentes do Caribe da Costa Leste continua a receber atenção acadêmica, mas a influência dos mexicanos-americanos no hip-hop permanece pouco explorada.”
Amanda Martinez-Morrison, Universidade Sonoma State – “Black and Tan Realities: Chicanos in the Borderlands of the Hip-Hop Nation“ /// LEIA MAIS SOBRE ISSO CLICANDO AQUI

Souto Mc, Wescritor e Lyryca. Fotos: Isa Hansen Katupyryb

Pindorama: São Bento, marco para o Hip Hop e para a colonização indígena
Vindo pro Brasil, assim como muitos esquecem, embranquecem, folclorizam ou até mesmo sabotam a origem ou influência indígena em toda a cultura nacional, por exemplo como acontece com a Festa Junina, o Samba, a Capoeira e outros tantos elementos da alimentação, espiritualidade, arte, língua e modo de viver “brasileiros”, boa parte da população também se esquece da existência dos povos indígenas originários de São Paulo.
Ou seja, quando o Hip Hop chega ao Brasil, há 40 anos, o cenário desses povos era de resistência há séculos contra a colonização de Piratininga (São Paulo).

O que poucos sabem, também, é que a famosa São Bento, berço do Hip Hop no Brasil, é marco da violência indígena.
A região da São Bento é um dos lugares mais marcantes para a história da colonização do Brasil. Lá, antes da invasão, era literalmente território ocupado por indígenas e hoje temos o desgosto de observar o monumento “Glória Imortal dos Fundadores de SP”, construído em 1925. No Páteo do Colégio, considerado o “marco zero” da cidade de São Paulo, foi construída a primeira escola jesuítica para “catequizar” indígenas.

Depois desse rolê pelo tempo e por Abya Yala, chegando em Pindorama 2023, sabendo agora de todo o contexto indígena brasileiro e americano, entendemos que a presença indígena nos centros urbanos sempre existiu, pois como dizemos, não é o indígena que está em contexto urbano e sim a cidade que está em território indígena. Éramos milhões antes da invasão e continuamos sendo milhões subnotificados e invisibilizados. Sempre estivemos e ainda estamos em todos os lugares e temos todas as cores e caras, usamos todas as roupas, ouvimos, dançamos e cantamos todas as músicas!


Cida Aripória, Jason Tupã, Kaê, Kandu Puri, Nativos Mc’s, Werá Mc e Sé da Rua. Fotos: Grazi Praia, Gigio e Mlk de Mel.

Confluência: 4 elementos, muitas culturas
Ao observarmos alguns dos pilares do Hip Hop, como o breaking, o graffiti e o rap, podemos refletir sobre as possibilidades de influências de manifestações culturais realizadas pelos povos indígenas de diversos locais das “Américas”. Os indígenas da “América do Norte”, por exemplo, possuem dentro de sua diversidade cultural passos de dança ritualísticos que assemelham-se aos passos de breaking, sem contar os já citados nuyoricanos. O Muralismo Mexicano, por sua vez, tornou-se uma manifestação artística icônica no México em 1920, fato que mais uma vez coloca os “latinos” em cena nas semelhanças com os elementos primordiais do Hip Hop. Já o rap, além de sofrer a influência da multiculturalidade que estava por acontecer naqueles período, ou seja, a influência musical de diversos movimentos, nos faz refletir também sobre  as tradições da oralidade, presente em povos originários de todo o mundo, inclusive de África e Abya Yala, essa sonoridade ritualística há centenas de anos é base cultural de cânticos sagrados, como por exemplo o taasu no Senegal. 

Esses são alguns pontos de confluência originária preta e indígena que se encontram na síntese do que veio a ser o Hip Hop, bagagem cultural que pode ter influenciado direta ou indiretamente seu surgimento. Para além dos 4 elementos, podemos observar outras expressões que encontramos no movimento Hip Hop que também são relacionados a culturas indígenas “Americanas”, como por exemplo o uso do grillz e dos dreadlocks.

Se liga na dança do Supaman, rapper indígena do povo Apsáalooke

O Hip Hop é uma cultura majoritariamente preta, criada e sustentada por esses inúmeros guerreiros e guerreiras sobreviventes de muita treta, originários de territórios e culturas indiscutivelmente essenciais para a evolução humana. O protagonismo preto no Hip Hop é não só um fato óbvio, mas um espetáculo incrível. Portanto não estamos reivindicando aqui que o Hip Hop seja indígena, estamos propondo refletir o Hip Hop a partir de uma perspectiva de anti racismo e anti etnocídio indígena.


Quando tratamos de Abya Yala, da nossa terra, é importante não descolar nenhum ativismo do território, é preciso lembrar que nativos continuam aqui, lutando por sobrevivência, direitos básicos e trabalhando muito para reverter o quadro de extremo apagamento em que foram colocados. Não só estamos presentes na arte contemporânea, mas contribuímos na grande maioria das coisas que aqui surgiram.

Em Pindorama, a aliança indígena e preta se iniciou desde as primeiras fugas da escravização, o que originou aquilo que conhecemos como Quilombos, onde sempre houve a presença indígena em confluência com a presença preta, éramos “negros da terra” juntos com “negros de guiné”. O mais famoso deles foi Palmares, onde 70% da população era formada por indígenas.

Esse apagamento e a omissão desses dados históricos obviamente não é culpa dos nossos irmãos originários das nações africanas e muito menos do Hip Hop, mas sim de um sistema que lucra em nos colocar uns contra os outros e utiliza de diferentes tecnologias de opressão, inferiorizando um lado e invisibilizando o outro, cada estratégia desenhada para atender perfeitamente ao colono-capitalismo.

Esta matéria, foi escrita com base em pesquisas e entrevistas “norte-americanas” que estão dialogando sobre isso. O debate sobre a contribuição indígena no Hip Hop desde seus primórdios está sendo feita há anos em diversos pontos do mundo, na “América do Norte” existe um direcionamento para isso mais bem estabelecido do que em outros locais, evidenciando a necessidade e urgência de pensarmos cada vez mais na presença dos povos originários não somente no Hip Hop, mas também em diversos outros espaços. 

Procure saber.

Black Eyed Peas, Bobby Sanchez e Grillz Indígena

Você sabia que o Taboo, do Black Eyed Peas é indígena?
Se liga nesse som dele com vários outros nativos do Hip Hop dos EUA:
One World (We Are One) – Taboo, Drezus, Supaman, Doc Native, Emcee One, Spencer Battiest, Kahara Hodges e PJ Vegas.

Tem indígena no Hip Hop!
E aí, você já ouviu RAP indígena?
Bora conhecer?

Brô Mc’s

Pytuna

Txepo Suruí

Souto MC

Isaac de Salú

Cida Aripória

Kurt Sutil

Anarandá

Mirindju Glowers

Oxóssi Karajá


Nativos Mc’s

Cayarí


Jason Tupã

Sé da Rua


Brisa Flow


Kantupac


Akuã Pataxó

Lyryca

Kandu Puri

Kaê

Wescritor


Fronteiras inventadas: rappers “gringos”. Gringo originário não é gringo! 

Bobby Sanchez


Snotty Nose Rez Kids


Canal Boombap Killaz

Alwa

Autoria da Matéria:

Isa Hansen Katupyryb
Artista visual, cineasta, agente do Hip Hop e da retomada indígena.

Geovanna Sales
Produtora Cultural do Hip Hop, graduanda em Letras e pesquisadora com foco em literatura indígena.

Consultoria de história e movimentos indígenas:
Sassá Tupinambá
Parte da Coordenação da Articulação dos Povos Indígenas de São Paulo (CAPISP), membro da Rede Nacional De Indígenas Em Contexto Urbano E Migrantes (Reniu), coordenador da TV Tamuya e da Rede Ibyrapema Multimídia Indígena, militante do Tribunal Popular: O Estado Brasileiro no Banco dos Réus e articulador da Conferência Nacional Livre e Popular de Indígenas em Contexto Urbano.


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https://strads.com.br/2023/08/26/50-anos-de-hip-hop-523-anos-de-resistencia-indigena-o-que-hip-hop-e-cultura-indigena-tem-a-ver/feed/ 0
Grupo de Rap baiano, Amásia, mostra evolução e amadurecimento em seu primeiro álbum “Faça Grana” https://strads.com.br/2023/07/28/grupo-de-rap-baiano-amasia-mostra-evolucao-e-amadurecimento-em-seu-primeiro-album-faca-grana/ https://strads.com.br/2023/07/28/grupo-de-rap-baiano-amasia-mostra-evolucao-e-amadurecimento-em-seu-primeiro-album-faca-grana/#respond Fri, 28 Jul 2023 18:31:27 +0000 https://strads.com.br/?p=4986 Traçando críticas ao cenário da indústria musical em que estão inseridos, Amásia estabelece a qualidade do grupo e mostra suas referências, do Rock à MPB, em seu primeiro álbum.

por Gustavo Silva

Amásia é o nome do grupo de Rap formado pelos MCs Bravo, Buzz, Bx e Donks, que atua também como produtor do grupo, todos naturais de Salvador (BA). O nome do grupo faz referência ao evento de mesmo nome (Amásia) que vai ocorrer quando os continentes se encontrarem e formarem um supercontinente pelo seu movimento natural.

Segundo o grupo, a intenção do nome é fazer uma analogia entre os continentes e as pessoas, em uma reflexão de que estamos em constante afastamento mas viemos todos do mesmo lugar e um dia teremos que nos unir novamente. Amásia é a união do que foi separado, o futuro inevitável.

Com uma lista de alguns singles e um EP lançados, o grupo que está em atividade desde 2017 traz agora o lançamento do seu primeiro álbum: “Faça Grana”.

“Esse álbum é um trabalho no qual a gente colocou em prática tudo que aprendemos desde 2017. É como se todo esse tempo tivesse sido um grande laboratório, buscando referência, recurso, ajuda, pra consolidar tudo que a gente aprendeu. É um álbum maduro, que reflete o amadurecimento do grupo na questão profissional e marca também a consolidação da formação do nosso grupo. É a representação do nosso profissionalismo na indústria da música” – Donks

Em “Faça Grana”, o grupo apresenta um trabalho que traz o Trap em destaque nas sonoridades enquanto desenha críticas ao cenário musical, em especial do Rap nacional, apontando questões voltadas à ostentação e o estilo de vida baseado em consumo e riqueza. O título “Faça Grana” é uma sátira a essa realidade, questionando a necessidade de se submeter a essa lógica consumista para alcançar o sucesso.

“A ideia de utilizar o Trap como gênero pra passar as nossas ideias veio por que a gente entende que é um gênero que se disseminou nos últimos anos, que está alcançando muito reconhecimento na música. E a gente se considera muito versátil, não nos prendemos a um gênero, queremos passar a mensagem e vamos utilizar os artifícios necessários pra que nossa mensagem chegue, sem tirar a nossa essência. É uma maneira de a gente aprender, evoluir, criar novas referências e estar nos atualizando sempre. A gente não considera esse lançamento um álbum de Trap, apesar dos timbres e da estética do gênero estarem bem presentes, mas é um álbum dentro das vertentes do Hip-Hop, que traz a atitude do Rap, do Rock, que são nossas principais referências, junto com a MPB também” – Donks

Abraçando tendências atuais com críticas sutis, mas poderosas, “Faça Grana” apresenta um trabalho cheio de bons beats, letras introspectivas e uma história cativante. A produção do álbum ficou por conta de Tiba Beats, produtor e engenheiro de mixagem e masterização, que adicionou sua visão e habilidade para criar um som atual e original.

“Esse álbum traz músicas de diversos momentos do grupo, apesar de construir uma história consolidada em um contexto, com um conceito por trás, esse álbum foi um trabalho que acabou acontecendo, quando a gente viu nós já tínhamos as peças na mão, só faltava montar. Nosso processo de escrita é basicamente o mesmo até hoje, a gente costuma buscar referências, fazer freestyles pra se soltar e puxar o fio da meada, algum refrão, e achando um tema, um conceito, a gente costuma registrar aquilo e montar a estrutura da música, refrão, início, ponte e tudo mais. Aí entra o Tiba com o diferencial” – Donks

Com uma produção que destaca beats versáteis de Trap, o álbum passa por temáticas e elementos comuns do gênero mas de uma forma bem pensada, produzida e interpretada por cada um dos membros do grupo. A produção de Tiba se destaca ao longo do trabalho, com a presença forte de bumbos, caixas e 808s muito bem colocados, trazendo graves impactantes e contagiantes para os beats do álbum, em equilíbrio com o bom uso do autotune pelos MCs.

“A gente sempre seguiu um mesmo processo, mas a música nunca ficava pronta a nível técnico, em questão de mixagem e masterização. Tem um ano que a gente tá trabalhando com o Tiba e ele é o cara que pega nossa ideia e repagina, principalmente a nível de beat, que é a especialidade dele, timbres, muito conhecimento técnico, já passou por algumas bandas que aprimoraram esse lado produtor dele e é um cara instrumentista, com uma percepção auditiva muito boa. Então o Tiba veio pra repaginar a nossa música e trazer uma roupagem nova para o nosso trabalho permitindo que a gente conseguisse transformar músicas que foram criadas em momentos diferentes, para um mesmo contexto no álbum. Para finalizar, a gente contou com uma parceria do Ramiro Mart, que dispensa apresentações, que deu aquela fechada na música, aquele toque final na masterização” – Donks

O álbum também chega com um cuidado visual diferenciado que o grupo trouxe para deixar esse lançamento ainda mais completo, com a direção de imagem e fotografia do Thiago Chuck.

“Da mesma maneira que as músicas foram coletadas em momentos diferentes, o audiovisual seguiu a mesma linha, a gente veio coletando material há um ano, um ano e meio. Desde o nosso lançamento ‘Vai ter Hit’, que inicialmente ia fazer parte do álbum mas depois a gente teve uma visão diferente para esse processo, aconteceu a primeira captura das fotos que estão no visualizer do ‘Faça Grana’, o surgimento dos primeiros conceitos, da sacola de dinheiro, ideias estéticas pro álbum, começaram ali. Desde lá a gente veio capturando novas imagens, bolando novas estratégias e no final contamos com a ajuda do Chuck que conseguiu seguir essa nossa linha de raciocínio com a sua ótica diferenciada, com referências extraordinárias, que nos permitiram trazer o visual para essa nova realidade do disco” – Donks

Vindos de uma região musicalmente tão prolífica, Amásia se coloca como um grupo que merece reconhecimento pelos seus diferenciais como a ótima dinâmica entre os MCs do grupo que carregam a identidade da sua área para a caneta conseguindo trazer respiro para um gênero tão consolidado e altamente difundido como o Trap.

“Faça Grana” é um álbum impactante e importante, que demonstra o talento do Amásia e sua capacidade de fazer música que se conecta com o público e inspira a mudança. O álbum está disponível em todas as plataformas digitais. Para saber mais sobre o grupo, siga as redes sociais @amasiarap no Instagram, Twitter e YouTube.

Fotografias: Chuck Media

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Matéria Prima explora o poder do seu canto e escrita melódica com novo EP “De Manhã” https://strads.com.br/2023/07/07/materia-prima-explora-o-poder-do-seu-canto-e-escrita-melodica-com-novo-ep-de-manha/ https://strads.com.br/2023/07/07/materia-prima-explora-o-poder-do-seu-canto-e-escrita-melodica-com-novo-ep-de-manha/#respond Fri, 07 Jul 2023 15:08:40 +0000 https://strads.com.br/?p=4975 Produzido por Imane Rane, novo EP combina inspirações de artistas africanos e brasilidades com a vontade pessoal de Matéria Prima de explorar sua arte melódica

Por Gustavo Silva

3 anos após o lançamento do seu último álbum “Visão”, o artista Matéria Prima soltou nas ruas o seu novo EP “De Manhã”, em um movimento de fortalecimento da cena musical belorizontina e de aprofundamento pessoal da sua arte melódica e poética.

Para aqueles que são mais íntimos do trabalho dessa lenda do Rap nacional, o EP “De Manhã” vai lembrar diretamente um grande álbum lançado por Matéria em 2017, chamado “2 Atos”. Com produção de Gui Amabis, este álbum combinou muito bem a capacidade lírica e a caneta afiada de Matéria Prima com um trabalho vocal melódico encantador, demonstrando uma identidade nova para o que estamos acostumados a ouvir dentro do Rap. Agora, em 2023, Matéria retoma a vontade de explorar o seu canto e trazer destaque para a melodia com seu novo EP.

“Minha terra tem Matéria Prima. Então sou obrigado a produzir o melhor produto” Dougnow – Underground Kingz

Nas palavras do próprio artista, “De Manhã” é um disco simples e sincero, que busca trazer ao longo de quatro faixas um certo conforto pros ouvidos saturados e leva como inspiração a vontade de Matéria Prima de fazer desenhos melódicos de artistas africanos em um projeto extremamente coeso, que explora sentimentos pessoais, realidade, ancestralidade, cotidiano, arte e cultura.

“Eu tinha muita vontade de fazer outro disco que fosse mais melódico, que explorasse mais o canto. Dái, numa manhã (rsrs), eu tive a ideia de chamar o Imane Rane (que inclusive produziu um disco foda com o Tinguê), pra fazer um disco nessa linha, nada pretensioso e que fosse feito no tempo que fosse feito. Eu tive uma vontade de fazer algo que remetesse ao estilo melódico de alguns cantores africanos como Ali Farka Touré, Hugh Masekela, entre tantos outros. Mas aí a brasilidade cantou mais alto hehehe” – Matéria Prima

Um grande destaque que esse EP traz é o trabalho primoroso apresentado pelo também belorizontino Imane Rane, que marca uma presença muito forte em todo o trabalho, culminando nessa grande parceria entre um dos maiores nomes da cena de BH e do Rap nacional como um todo, com um jovem expoente de raízes musicais fortes que tem chamado cada vez mais a atenção.

“O Imane tinha me chamado a atenção depois de produzir o disco do Tinguê, que conheci num trabalho em grupo. A gente sempre trocava uma ideia, mas não pensava em nenhuma parceria. Daí, à medida que íamos nos falando, foi surgindo uma afinidade maior e aí aconteceu naturalmente. E filho de peixe, peixe é né?! O Imane é filho do Sérgio Pererê, que é quase uma deidade no nosso universo musical. Então ali jorra musicalidade e bom gosto. Mas o Imane é o Imane, não é só filho do ômi não hehehe” – Matéria Prima

Responsável pela ótima produção do EP, Imane Rane traz instrumentais que inspiram, conduzem e potencializam a caneta e entrega melódica de Matéria Prima, combinando produções versáteis, que conversam com elementos sonoros diversos em cada faixa, reunindo sonoridades clássicas e atuais com muita identidade nacional.

“Nessa vontade de fazer um trampo junto com o Imane, eu já achava seu estilo interessante e que podia realçar meu canto. Nisso, ele foi mandando os beats dele. Eu não opinei em nada, só alterei alguns BPMS pq eu sou o tiozão do BPM, é foda rsrsrs. Eu tinha mudado recentemente pra outro bairro aqui na zona leste e como era começo do ano, tinha um tempo livre que usava pra caminhar e tirar fotos pela manhã, e daí foram surgindo umas ideias que escrevia no caderno quando chegava em casa. Essa parceria foi certeira porque os beats já puxavam as letras de dentro da gente com facilidade. Tem outros que a gente tem que arrancar as rimas deles hehehe. Quanto ao resto, eu consigo gravar em casa, o que facilitava mostrar as ideias pro Imane e lapidar depois, sem precisar preocupar com tempo de estúdio e tal. Daí batemos o martelo, o Imane mixou e masterizou os sons e marcha!” – Matéria Prima

Outro ponto que se destaca nesse EP é justamente o aprofundamento de Matéria Prima na sua já conhecida entrega lírica, melódica e poética, apresentada em versos cantados que combinam uma caneta afiada, com uma qualidade vocal que dialogam muito bem e entregam um projeto final ousado e único musicalmente.

“Eu tinha feito o disco 2 ATOS, produzido por Gui Amabis (que inclusive ganhou uma versão em vinil feita pela @madeinquebradadisco, e tá tendo na minha mão também hehehe), e o disco tem uma parte cantada e outra rimada. Na época, eu achei que esse disco devia ser só cantado, e fiquei com essa vontade de fazer um disco inteiramente dessa forma em algum momento. Então, falei com o Imane sobre a vontade de fazer um disco melódico, em que eu tentaria fazer esses desenhos melódicos de artistas africanos, e foram surgindo ideias que o beat ilustrava certinho e eu ia atrás sem forçar muito, dando mais atenção pra melodia do que para o conteúdo. Acho que matei minha vontade por enquanto rsrsrs.” – Matéria Prima

Além da ótima combinação entre os instrumentais inspiradores de Imane e a caneta melódica de Matéria, o EP “De Manhã” contou com o trabalho visual sensível do também belorizontino João Gabriel Ifadare, na capa e contra capa do projeto, traduzindo muito bem o sentimento que o EP traz.

Matéria Prima reforça que “De Manhã” é um disco simples e sincero, sem maiores complexidades musicais ou líricas, mas que busca trazer um certo conforto pros ouvidos saturados. “Fazer o simples é bem difícil… a entrega é feita sem se preocupar com mercado ou isso ou aquilo, não que isso seja ruim, mas isso dá mais fluidez pro trabalho. Feliz demais com o resultado e a parceira com Imane Rane, tamo junto nego! E logo mais tem mais som, já tá no forno… adiciona nós no insta, ouve o disco no Spotify todo dia. Segue o Imane Rane no insta também. Obrigado pela oportunidade!” – Matéria Prima

O EP “De Manhã” já está disponível nas principais plataformas de streaming.

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